“O meu povo perece por lhe faltar conhecimento”.

HISTÓRIA DA IGREJA

Diz o Senhor em Sua palavra

“O meu povo perece por lhe faltar conhecimento...” Oséias 4.6

Normalmente ouvimos as seguintes perguntas.

  1. • A Igreja Católica é a primeira Igreja?
  2. • É a mais antiga?
  3. • É a única verdadeira?

"Neste trabalho procurarei expor com muito amor e carinho a verdade, que durante séculos foi escondida do coração leigo, dos sinceros, porém incautos Cristãos". palavras do Profº. Dionísio de Paula Santos

Sendo Jesus a verdade (João 14.6) é nosso dever andar na verdade, pois a palavra de Deus é dura quanto a isso. Hebreus 10.26 chamam de filhos do diabo todos aqueles que não permanecem na verdade (João 8.44).

Portanto, com sinceridade e zelo conheçamos a verdade.


INTRODUÇÃO

Nas biografias dos grandes personagens da História muitas vezes incidentes são omitidas, certas atitudes erradas dessas figuras são justificadas pelos seus biógrafos, com o objetivo de apresentar o personagem com uma vida quase perfeita, impecável, agindo sempre de forma coerente e objetiva.

A Bíblia, porém, dentre inúmeros outros fatores destaca-se pelo fato de não esconder as falhas dos servos de Deus, assim nela estão narrados tanto os “acertos” quanto os erros, pecados dos homens que serviram a Deus, homens como. Jacó, Sansão, Davi, Salomão, Jonas, Pedro, Abraão, Paulo, e de muitos outros.

Desta forma quando encontramos nas páginas do Novo Testamento a história da Igreja do primeiro século, dentre outras coisas lemos a respeito da mentira de Ananias e Safira (At 5. 1-11) das dissensões e imoralidade dos supostos crentes de Corinto (1 Co 1. 10-13 - 3. 1-9) da atitude dúbia de Pedro (Gl 2.11-14), do erro de Paulo em corrigi-lo publicamente, etc.

A Igreja pertence a Deus (At 17.28 1Co 1.2), todavia ela é composta de homens, que apesar de regenerados, são pecadores (Rm 7.14-17-18-21-23 - Tiago 3.2 - 1 João 1.8,10). Como diz a confissão de Westminster.

Esta corrupção da natureza persiste na vida daqueles que são regenerados e embora seja ela perdoada e mortificada por Cristo, todavia tanto ela como os seus impulsos são reais e propriamente pecado (v1 5).

Na Igreja visível permanece o joio junto com o trigo, o nosso conforto é que Jesus Cristo o Senhor da Igreja conhece os que Lhe pertencem. (2 Tm 2.19) João Calvino escrevendo sobre o assunto disse.

“Com freqüência não se pode notar nenhuma diferença entre os filhos de Deus e os infiéis entre seu rebanho e as feras selvagens”. (Institutas de Calvino - Lv 1 2) Nesta Igreja estão mesclados os “bons” e os “hipócritas” que não tem de Cristo se não o nome e a aparência, uns são ambiciosos, avarentos, invejosos, e maledicentes, outros de vida dissoluta que são suportados só algum tempo porque, ou não se lhes pode convencer juridicamente ou porque a disciplina não tem sempre o vigor que deveria. Assim, pois da mesma forma que estamos obrigados a crer na Igreja invisível, a qual somente é conhecida por Deus, assim também devemos honrar a Igreja visível e nos manter em comunhão. (João Calvino - ibidem Lv 1-7 vd também a confissão de Westminster XXXV 4-5 e Catecismo

A HISTÓRIA DA IGREJA

A palavra “história” pode ser definida como sendo “ciência e método que permite adquirir e transmitir conhecimentos de fatos acontecidos”.

O historiador procura respostas para as questões do que? Quem? Quando? Ou onde? Podemos ainda afirmar que “história” é a reconstrução subjetiva do passado, á luz dos dados colhidos, pressupostos do historiador e o clima da opinião do seu tempo, além do elemento da liberdade da vontade humana. A história da Igreja, portanto, é o relato interpretado da origem, progresso e impacto do cristianismo sobre a sociedade humana, baseado em dados organizados e reunidos pelo método científico a partir de fontes arqueológicas e documentárias.

A IMPORTÂNCIA DA HISTÓRIA DA IGREJA

A história da Igreja tem uma grande importância no cristianismo do presente século. Pois ela nos faz saber sobre os atos e atitudes ocorridos na vida daqueles que deram os primeiros passos na zona da nova fé. É através da história que podemos compreender o valor da grande herança que nos foi legada pelos nossos antepassados e que nos serve de inspiração para continuarmos no mesmo ideal em que eles viveram.

A história da Igreja nos ajuda a compreender melhor o presente através das grandes lições do passado.

A história da Igreja também oferece edificação, inspiração ou entusiasmo, que estimula uma vida espiritual e elevada. O apóstolo Paulo cria que o entusiasmo estimula uma vida espiritual e elevada. O Apóstolo cria que o conhecimento do passado o ajudaria na vida cristã. (Romanos 15.4).

Aquele que estuda a história da Igreja nunca se isola em uma determinada denominação, porque passa a compreender melhor a unidade do corpo místico de Cristo através dos séculos. Tal estudante se torna mais flexível com os que divergem em certas questões que não tem fundamentos doutrinários. É impossível entender as condições atuais da cristandade a não ser à luz da história.

A falta de entendimento da história da Igreja é mais generalizada do que a falta de entendimento sobre a Bíblia sagrada. Um dos principais deveres dos ministros é ensinar à sua gente a história da Igreja.

A história da Igreja nos ajuda a não cometer certos erros que cometeram alguns dos nossos antepassados.

PERÍODO DA HISTÓRIA DA IGREJA

A história universal é comumente dividida em três períodos.

  • 1º -Antiga – Egito, Assíria, Pérsia, Grécia e Roma.
  • 2º -Medieval – Da queda de Roma a descoberta da América.
  • 3º -Moderna – do Século XV aos tempos atuais.

A história da Igreja também é comumente dividida em três períodos.

  • 1º - Período Antigo – (01 – 590 d.C) – Do nascimento de Cristo até Gregório I “o Grande”.
  • 2º - Período Medieval – (590 – 1517 d.C) – Do surgimento do papado até a reforma protestante.
  • 3º - Período Moderno – (1517 – ao presente) - Da reforma protestante aos dias atuais.

Também os grandes acontecimentos da história cristã servem como pontos divisórios, e cada um deles assinala o término de uma época e um início de outra.

PERÍODOS:.

  • 1. A Igreja Apostólica (30 – 100)
  • 2. A Igreja Perseguida (100 – 313)
  • 3. A Igreja Imperial (313 – 476)
  • 4. A Igreja Medieval (476 – 1453)
  • 5. A Igreja Reformada (1453 – 1648)
  • 6. A Igreja Moderna (1648 -...)

A PREPARAÇÃO PARA O CRISTIANISMO

Podemos compreender a preparação do mundo para o advento do cristianismo, considerando, primeiramente, a contribuição de três grandes povos. Romanos, Gregos e Judeus. Cada um, no seu tempo, pela providência divina, criou as condições da sociedade em que o cristianismo apareceu realizando as suas primeiras conquistas.

Lição 1 – A IGREJA APOSTÓLICA

Seu fundador – O Senhor Jesus

O Senhor Jesus é mais o fundamento do que o fundador da Igreja. Isto fica evidente pelo uso do tempo futuro que faz em Mateus 16.18, ao dizer. “Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”. Lucas destaca isto ao nos informar em seu evangelho “acerca de tudo que Jesus começou, não só a fazer, mas a ensinar” (Atos 1.1). Em Atos ele relatou a fundação e a divulgação da Igreja cristã pelos apóstolos sob a direção do Espírito Santo.

Seu início – O dia de Pentecostes

Num certo sentido, a Igreja cristã teve seu nascimento quando o Senhor Jesus chamou seus primeiros discípulos. Os homens que se convertiam pela pregação do Cristo começaram a seguí-lo e a “se congregarem em Cristo”, (Ef. 1.10). De modo natural, formou-se em torno de Jesus, tendo-o como pessoa central, um agrupamento, que foi o início da Igreja. Comumente, porém se diz que a história da Igreja cristã teve início no dia de pentecostes, no fim da primavera do ano 30, cinqüenta dias após a ressurreição do Senhor Jesus, e dez dias depois de sua ascensão ao céu.

Localização – A cidade de Jerusalém

A Igreja teve seu início em Jerusalém. O Senhor Jesus Cristo, já tinha dito aos seus discípulos que, depois de fortalecido pelo Espírito Santo, a sua tarefa seria testemunhar dele “em Jerusalém...” (Atos 1.8). Nos primeiros anos de sua história, as atividades da Igreja limitaram-se à Jerusalém e arredores. As sedes gerais da Igreja daquela época eram o cenáculo, no monte de Sião, e o pórtico de Salomão no Templo.

Seus membros.

Todos os membros da Igreja pentecostal eram Judeus. Tanto quanto podemos perceber, nenhum dos seus membros, bem como nenhum dos integrantes da companhia apostólica, a princípio, podia crer que os gentios fossem admitidos como membros da Igreja. Quando muito admitiam que o mundo gentio (povos que não são judeus) se tornaria judeu, para depois aceitar a Cristo.

Os judeus da época dividiam-se em três classes e as três estavam representadas na Igreja de Jerusalém.

  • 1º - Os Hebreus, eram aqueles cujos antepassados haviam habitado a Palestina durante várias gerações, eram eles a verdadeira nação Israelita.
  • 2º - Os Judeus Gregos ou Helenistas, estes eram descendentes dos judeus da dispersão, isto é, judeus cujo lar ou cujos antepassados estavam em terras estrangeiras. Muitos desses judeus haviam-se estabelecidos em Jerusalém ou na Judéia e haviam formado sinagogas para atender a suas várias nacionalidades.
  • 3º - Os Prosélitos eram pessoas não descendentes de judeus, os quais renunciavam ao paganismo, aceitavam a lei judaica e passaram a pertencer a Igreja judaica, recebendo o rito da circuncisão. Os prosélitos, que se convertiam posteriormente, conhecidos como “os devotos” ou “tementes a Deus”, estes eram gentios que deixaram de adorar os ídolos e freqüentavam as Sinagogas, porém sem participarem dos ritos judaicos, nem se propunham observar as minuciosas exigências das leis judaicas.

A CONTRIBUIÇÃO DOS GREGOS

Ao surgir o cristianismo os povos que habitavam as regiões do mediterrâneo tinham sido profundamente influenciados pelo espírito do povo grego. Colônias gregas, algumas das quais com centenas de anos foram amplamente disseminadas ao longo das costas de todo mediterrâneo. Com seu comércio, os gregos foram a todas as partes do império. A sua influência espalhou-se e foi mais acentuada nas cidades e países que se constituíam os mais importantes centros do mundo de então. Tão poderosa foi a influência dos gregos que denominamos GRECO-ROMANO este mundo antigo, porque Roma governava politicamente, mas a mentalidade dos povos tinha sido moldada fundamentalmente pelos gregos. Os romanos conquistaram os gregos politicamente, mas os gregos conquistaram os romanos culturalmente.

O INCENTIVO DA FILOSOFIA GREGA

Por muitos séculos da era cristã os gregos eram detentores da vida intelectual mais vigorosa, mais desenvolvida no mundo. Problemas sobre os quais os homens sempre cogitavam. A origem e significado do mundo, a existência de Deus, levaram os gregos a fazerem muitas pesquisas filosóficas como nenhum outro povo. Pois o grego era homem dos sentidos e dos sentimentos. O raciocínio e curiosidade dessa gente desenvolveram-se ao máximo. Isso se resultou em que o grego típico tornou-se um homem vivaz, inquiridor, polemista, ansioso por falar em assuntos profundos e coisas que relacionavam com o céu e a terra.

A influência dos gregos levaram outros povos a pensar. É fácil compreender o resultado do contato dos gregos com outros povos. A sua influência estendeu-se por toda parte aprofundando o pensamento dos homens nessas idéias e pesquisas que se relacionavam com os problemas da vida. Esse tipo de curiosidade intelectual e esta prontidão de raciocínio prevaleciam nos centros principais do mundo greco-romano, lugares esses que depois foram alcançados pelos primeiros missionários com a pregação do evangelho. Assim os povos desses lugares estavam mais dispostos a receber a nova religião do que se estariam se não fosse à influência dos gregos.

Língua Universal

Ao espalhar uma língua universal eles fizeram outra contribuição muito importante ao preparo do mundo para o advento do cristianismo, disseminando a língua em que este seria pregado ao gênero humano pela primeira vez. O evangelho universal precisava de uma língua universal para poder exercer um impacto real sobre o mundo. Os homens têm procurado desde a torre de Babel criar uma língua universal para que possam comunicar suas idéias uns aos outros sem problemas. Assim como o Inglês no mundo moderno e o latim no mundo medieval erudito, o grego tornou-se mundo antigo, ao tempo em que o império romano apareceu à língua universal. Os primeiros missionários, como por exemplo, Paulo, fizeram quase todas as suas pregações nesta língua (Koiné ou dialeto comum) e nela foram escritos os livros que vieram a constituir o nosso Novo Testamento. De modo que a religião universal encontrou para sua propaganda e conhecimento, entre todos os homens, uma língua universal, e esse auxílio inestimável foi por Deus providenciado por intermédio do povo grego.

A CONTRIBUIÇÃO DOS JUDEUS

A missão do povo judeu

Os hebreus ou judeus constituíra o povo divinamente indicado para mordomos da verdadeira religião (Rm. 3.2 – Dt. 4.7,8). A missão deles foi receberem de Deus uma revelação especial do próprio Deus e da Sua vontade, assenhorearam-se desse ensino divino, à proporção que iam recebendo numa revelação progressiva, preservaram tais ensinos na sua pureza e integridade, de modo que, na “plenitude dos tempos”, eles, os judeus, se constituíram uma bênção para todos os povos.

Os primeiros cristãos foram preparados no judaísmo

Os judeus, como se tem dito com muito acerto, prepararam o “berço do cristianismo”, fizeram os preparativos para o seu nascimento e o alimentaram na sua primeira infância. Prepararam antecipadamente a vida religiosa em que foi instruído o Senhor Jesus mesmo e todos os cristãos primitivos, inclusive os apóstolos e os primeiros missionários. Em parte alguma do mundo, ao surgir o cristianismo, havia uma religião tão forte como existente entre os melhores representantes da religião judaica, cujas características essenciais eram duas. A mais alta concepção de Deus conhecida entre os homens, como resultado do ensino do Velho Testamento e o mais alto ideal de vida moral que se conhecia dessa sublime concepção de Deus.

Os judeus aguardavam a vinda de um Salvador

Em segundo lugar, os judeus prepararam o caminho para o cristianismo porque se constituiu uma raça que aguardava aquilo que era no cristianismo oferecido um Salvador divino. A vinda de um Messias era a maior esperança de todos os judeus.

Os judeus ofereciam ao mundo a esperança de um Messias que estabeleceria a justiça na terra. Jamais houve entre os demais povos uma esperança ou perspectiva do futuro compatível à esperança Messiânica dos judeus. O que havia entre os demais povos era uma dose de desespero, de cansaço, de desilusão. A esperança de um Messias tinha sido popularizada no mundo romano pelos judeus. Até mesmo os discípulos depois da morte e ressurreição de Cristo ainda esperavam por um reinado Messiânico sobre a terra. (Atos 1.6). O cristianismo encontrou todos os seus primeiros seguidores entre os judeus, e o elemento que os habilitou a receberem a nova fé foi à esperança de um Salvador divino.

OS JUDEUS DERAM AO CRISTIANISMO O VELHO TESTAMENTO

O povo judeu preparou o caminho para a vinda do cristianismo ao legar à Igreja em formação um livro sagrado (a Bíblia, Velho Testamento). Assim a nova religião foi suprida, no seu nascimento, por uma literatura religiosa que ultrapassou, infinitamente, qualquer outra desse gênero então existente, e que confirmou os ensinos cristãos, prenunciando Cristo pelas profecias. O cristianismo, antes de produzir seus próprios livros, encontrou pontos para o seu uso, os antigos manuscritos que lhe foram do maior auxílio. O Senhor Jesus fez o uso constante do Velho Testamento para nutrir a sua própria vida e basear os seus ensinos.

As Escrituras judaicas eram lidas regularmente nas reuniões de cultos dos primitivos cristãos.

SUAS DOUTRINAS

No início, a teologia ou crenças da Igreja era simples. A doutrina sistemática foi desenvolvida mais tarde por meio de Paulo. Entretanto, podemos encontrar nos sermões de Pedro três pontos doutrinários considerados essenciais.

1º - O caráter Messiânico de Jesus, isto é, que Jesus de Nazaré era o Messias, o Cristo durante tanto tempo esperado por Israel.

2º - A ressurreição de Jesus. Em outras palavras, que Jesus foi crucificado, e ressuscitado dos mortos e agora esta vivo, como cabeça da Igreja, para nunca mais morrer

3º - A terceira das doutrinas, contidas nos discursos de Pedro, era a Segunda vinda de Jesus. Isto é, o mesmo Jesus que foi elevado ao céu, no tempo determinado voltará a terra, para reinar com a sua Igreja.

O CULTO DA IGREJA PRIMITIVA

Os cristãos primitivos não concebiam a Igreja como um lugar de culto como se faz hoje. A Igreja significava um corpo de pessoas numa relação pessoal com Cristo. Para tanto, os cristãos se reuniam em casas (Atos 12.12), no Templo (Atos 5.12) nos auditórios públicos de escolas (Atos 16.9) e nas sinagogas até quando foram permitidos (Atos 14.1-3). O lugar não era tão importante como o propósito de encontro para a comunhão uns com os outros. No primeiro século dois cultos eram realizados no primeiro dia da semana, (Domingo), adotado como o dia de culto por ter sido o dia em que Cristo ressuscitou dentre os mortos (Atos 20.7 – I Coríntios 16.2 – Ap. 1.10).

O culto da manhã certamente incluía a leitura da Bíblia (Colossenses 3.16), exortação pelo presbítero principal, orações e cânticos. (Atos 5.19).

A festa do amor. (I Cor. 11.20-22) ou Ágape, precedia a ceia no culto da noite. Ao final do primeiro século, a festa do amor tinha praticamente desaparecido, sendo a ceia celebrada no culto da manhã.

“Plínio descreveu os cristãos, para Trajano, como aqueles que se encontravam ao romper do dia, cantavam hinos e prometiam viver corretamente”.

A CONTRIBUIÇÃO DOS ROMANOS

Domínio mundial de Roma.

Quando o cristianismo surgiu e durante os primeiros séculos de sua existência, os romanos eram os senhores do mundo. Assim os consideramos, não obstante haver muitíssimas regiões fora do seu domínio, porque a parte que governaram foi aquela onde a civilização do mundo estava realizando notáveis progressos.

Os habitantes desse império o consideravam como abrangendo o mundo, pois ignoravam o que existia além das suas fronteiras. O mundo romano incluía todas as terras que seriam alcançadas pelo cristianismo durante os três primeiros séculos da era cristã.

Não somente eram pela força que os romanos dominavam todas essas regiões; eles as governavam efetiva e inteligentemente, pois onde quer que estendesse seus domínios levavam uma civilização incomparavelmente superior à existente naquelas terras. O poder desse império foi mais acentuado e sua administração mais eficiente nas terras adjacentes ao Mediterrâneo, exatamente onde o cristianismo foi primeiramente implantado.

Os povos unificados.

Os romanos, como nenhum outro povo até então desenvolveram um sentido de unidade da espécie sobre uma lei universal.

Com o seu império, os romanos se tornaram os mais úteis instrumentos de Deus no preparo do mundo para o advento do cristianismo.

Por muitas eras governos separados formaram grupamentos humanos que se sentiam diferentes, isolados e enciumados uns com os outros; mas com o império romano, os povos se unificaram, no sentido em que todos os governos tinham sido derrubados e um poder único dominava em toda parte. O cristianismo é uma religião de caráter universal, apelando pelos homens simplesmente como homens, tornando todos um em Cristo. Para tal religião a preparação mais valiosa foi à unificação de todos os povos sobre o poder político de Roma.

Paz Universal – “Pax” de Roma.

O poder de Roma trouxe uma paz universal (Pax Romana). As guerras entre as nações tornaram-se quase impossível sob a égide desse poderoso império. Esta paz entre os povos favoreceram extraordinariamente a disseminação, entre as nações da religião que pretendia o domínio universal.

“É na paz que se constrói”.

O INTERCÂMBIO ENTRE VÁRIOS POVOS

Finalmente, a administração romana, sábia, forte e vigilante, tornou fáceis e seguras às viagens e comunicações entre as diferentes partes do mundo. Os piratas, que estorvavam a navegação foram varridos dos mares. Por terras, as esplêndidas estradas romanas davam acesso a todas as partes do império. As estradas principais eram de concreto e duravam séculos. Elas passavam por montes e vales até chegarem aos pontos mais distantes do império, algumas delas são usadas até hoje.

Essas vias de comunicação eram tão policiadas que os ladrões desistiram dos seus assaltos. Teria sido impossível ao apóstolo Paulo realizar sua carreira missionária sem essa liberdade e facilidade de trânsito possibilitado pelo império romano.

O MUNDO AO SURGIR O CRISTIANISMO

A) AS CONDIÇÕES RELIGIOSAS

A velha religião dos deuses e das deusas da Grécia e de Roma, que conhecemos através da história e da mitologia clássica, tinha perdido quase toda a sua vitalidade e influência ao tempo do advento do cristianismo.

O imperador Augusto que reinava ao tempo quando Cristo nasceu muito se preocupou com esse declínio da velha e tradicional religião e envidou esforço extraordinário para revivê-la, sendo quase tudo em vão.

• Religião Romana do Estado

Não se pode afirmar que esta época se caracteriza pela irreligiosidade. César Augusto estabeleceu a religião do Estado. Conforme o seu desenvolvimento posterior veio ela a se constituir em veneração de imagens dos imperadores que então reinavam e dos que os antecederam, como símbolo do poder de Roma.

O estado foi endeusado como nos modernos regimes totalitarista.

• As Religiões Orientais

Os antigos mistérios helênicos (gregos) exerciam grandes atrações nas massas. Esses mistérios eram cerimônias secretas e dramáticas que realçavam certas idéias concernentes à perpetuação da vida.

• Curiosidade Religiosa

Foi uma era de religiosidade aquela em que o cristianismo alcançou as suas primeiras conquistas.

Nesse tempo havia muito interesse no conhecimento das várias formas de religião e muita ansiedade por idéias e crenças que trouxessem mais satisfação à alma. O mundo estava cheio de curiosidades e anseios espirituais.

O judaísmo não podia ser uma religião universal. Já dissemos que antes do aparecimento do cristianismo a melhor religião existente era o judaísmo. Mas este não podia satisfazer plenamente às necessidades do mundo. Apesar do vigor moral, entre os fariseus da Palestina desenvolvia-se um estreito preconceito racial com o objetivo de limitar a religião judaica exclusivamente ao povo judeu e, por isso, se opunham á obra missionária entre os gentios, obra que tinha sido iniciada durante o cativeiro.

B) AS CONDIÇÕES INTELECTUIAIS

O grande movimento filosófico grego chegou ao seu fim no que se relaciona com a pesquisa da verdade, muito tempo mesmo antes da era cristã. Quando surgiu o cristianismo, o pensamento grego não fazia mais progresso. Duas filosofias gregas.

• O Epicurismo (Epícuro era um filósofo grego que foi mestre em Atenas, desde o ano 307 a.C. Segundo o seu sistema, o grande fim da vida é uma vida de prazer).

• O Estoicismo (os estóicos foram uma seita de filósofos gregos, discípulos de Zenão, derivando-se aquele nome de Stoa, “pórtico”, sendo o pórtico o lugar onde o seu mestre permanecia para ensinar em Atenas, 299 aC), não obstante seus nobres ensinos de moral exercerem larga influência, era muito falho no que respeitava à simpatia humana

C) AS CONDIÇÕES MORAIS

Tem se pintado, habitualmente o estado moral do mundo civilizado durante os primeiros tempos do cristianismo com as mais negras cores, como se não existisse qualquer coisa boa digna de menção. Os fatos que conhecemos, não justifica, de todo, esse julgamento. As classes mais altas sem dúvida estavam tremendamente corrompidas. Entre as classes média e baixa, todavia, muitos homens e mulheres levavam vida virtuosa com alguns gestos de nobreza e de bondade.

A EXPANSÃO DA IGREJA

O crescimento foi rápido. A manifestação sobrenatural do Espírito Santo levou os judeus presentes à reunião do dia de pentecostes, a declararem as maravilhas das obras de Deus em sua própria língua (Atos 2.11). Pedro aproveitou a oportunidade para proferir o primeiro e possivelmente o mais fecundo sermão já pregado, e proclamar a Messianidade de Cristo e a graça salvadora. Por fim, quase três mil pessoas aceitaram a sua palavra e foram batizados (Atos 2.41). E em (Atos 4.4) diz que outros eram acrescidos diariamente ao número dos quase três mil até chegarem logo a quase cinco mil. A menção de multidões se integrando à igreja (Atos 5.14).

Estamos considerando uma época da história da igreja cristã, que, apesar de curta, apenas quinze anos, é de alta significação.

Quando se iniciou este período, a proclamação do evangelho estava limitada à cidade de Jerusalém e as aldeias próximas, os membros da Igreja eram todos israelitas por nascimento ou por adoção. Quando terminou, a Igreja já se havia estabelecido na Síria, na Ásia menor e havia alcançado a Europa. Além disso, os membros da Igreja agora não eram exclusivamente judeus; em alguns casos predominavam os gentios.

REAÇÃO DO CLERO JUDEU

Este crescimento tão rápido não se fez sem a oposição da parte dos judeus. As autoridades eclesiásticas logo perceberam que o cristianismo representava uma ameaça as suas prerrogativas como intérpretes e sacerdotes da lei; por isto, reuniram suas forças para combater o cristianismo. A perseguição veio primeira de um organismo político-eclesiástico, o Sinédrio (Supremo Tribunal de Jerusalém nos tempos do Novo Testamento, composto de 71 membros), que com permissão, romana, supervisionava a via civil e religiosa do Estado.

Pedro e João tiveram que comparecer perante este egrégio órgão duas vezes e foram proibidos de pregar o evangelho de Jesus Cristo (Atos 4.5), mas eles se recusaram a cumprir a ordem. Mais tarde a perseguição tomou cunho mais político. Herodes matou Tiago e prendeu Pedro (Atos 12), nesta fase de perseguição. Daí por diante a perseguição tem seguido esse padrão eclesiástico, ou político.

ESTEVÃO O PRIMEIRO MÁRTIR

Esta perseguição deu ao cristianismo seu primeiro mártir – Estevão. Fora ele um dos mais destacados dos sete homens escolhidos para administrar os fundos de amor na Igreja de Jerusalém. “Homem cheio de fé e do Espírito Santo” (Atos 6.8). Apesar de haver sido escolhido para um trabalho secular, bem depressa atraiu as atenções de todos para o seu trabalho de pregador. Testemunhos falsos, levantados contra ele, obrigaram-no a comparecer diante do Sinédrio. Após um emocionante discurso em que proclamou a Jesus Cristo como salvador, não somente para os judeus, mas também para os gentios e também em que denunciou líderes judeus por sua rejeição de Cristo, ele foi retirado e apedrejado até a morte.

A sua morte foi o princípio de uma perseguição violenta. Muitos cristãos foram lançados no cárcere e martirizados, muitos outros fugiram da cidade, dispersando-se pelas terras da Judéia e Samaria. Só os apóstolos permaneceram e Jerusalém (Atos 8.1). Mas a mesma perseguição da fé dos cristãos; uniu ainda mais estritamente os seus membros e deu-lhes a conhecer que a igreja era uma comunidade distinta do judaísmo.

A PORTA DA SALVAÇÃO ABRE PARA OS GENTIOS - “A CONVERSÃO DE PAULO”

Saulo é o nome hebraico daquele que é mais conhecido pelo seu nome romano Paulo. (Atos 9.1-19), apresenta a nova direção no desenvolvimento da Igreja primitiva, descrevendo a determinação da parte de Saulo, de destruir a Igreja nascente.

Saulo era extraordinariamente zeloso nas tradições dos pais; era fariseu que se orgulhava de guardar a lei; com tudo, ele se uniu a outros fariseus, em quebrar o sexto mandamento, quando matou a Estevão. Ele não se contentou em exterminar o cristianismo só em Jerusalém. Foi no encalço dos cristãos refugiados em outras cidades.

Saulo, o perseguidor foi surpreendido no caminho para Damasco por uma visão de Jesus ressuscitado.

É impossível explicar a experiência de Saulo no caminho de Damasco em termos de um acontecimento natural.

A experiência envolveu os sentidos da visão e da audição. Saulo foi atingido repentinamente por um jato de luz, que o fez cair no chão. Ele ouviu uma voz que lhe dizia. Saulo, Saulo, por que me persegues?

Saulo, que fora o mais temido perseguidor do evangelho, converteu-se em seu mais ardoroso defensor. Em toda a história do cristianismo nenhuma conversão a Cristo trouxe resultados tão importantes e fecundos para o mundo inteiro como a conversão de Saulo.

Os mestres progressistas Paulo e Barnabé começaram a declarar que o evangelho era para os judeus e para os gentios sobre a mesma base da fé em Cristo. Nessa época o número de membros na Igreja de origem gentia começava crescer dentro da comunidade, enquanto o de judeus diminuía. À medida que o evangelho ganhava adeptos no mundo pagão, os judeus se afastavam dele e crescia cada vez mais o seu ódio contra o cristianismo. Em quase todos os lugares onde se manifestaram perseguições contra os cristãos, nesse período, elas eram instigadas pelos judeus.

PERSEVERANÇA NA DOUTRINA DOS APÓSTOLOS

“E perseveravam na doutrina dos Apóstolos” (At 2.42).

Observamos primeiramente que a Igreja estava fundamentada não em qualquer doutrina, ou em tradição de homens, (Mt 15.9), mas sim na doutrina dos Apóstolos os quais receberam de Cristo a sua doutrina quer de forma vivencial (At 1.21,22 - 2 Pe 1.16-21 - 1 Jo 1.1-4) quer por revelação direta, conforme o caso de Paulo posteriormente (Gl 1.10-12 - 1 Corintios 11.23 – 15.1-3). Os Apóstolos estavam fundamentados no próprio Cristo.

Edificados sobre o fundamento dos Apóstolos e profetas sendo Ele mesmo Cristo Jesus a pedra angular (Efésios 2.20).

A Igreja primitiva revela estar firmado no evangelho de Cristo conhecendo a abrangência desta eterna Boa Nova, por isso Paulo evidencia a sua preocupação de anunciar todo desígnio de Deus (At 20.20 – 25.27) conforme Jesus Cristo havia ordenado (At 28.20), a fim de que a Igreja se fortalecesse na doutrina de Cristo transmitida através dos Apóstolos para que desta forma não pudesse ser levada por todo vento de doutrina (Efésios 4.14). Paulo recomenda a Timóteo e a Tito o mesmo cuidado.

* “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina” (1Tm 4.16)

* “Tu, porém fala o que convém a sã doutrina” (Tt 2.1)

* “Tudo o que de mim ouviste e aprendeste confia a homens idôneos” (II Tm 2.2)

* “Isto porque haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina pelo contrário cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças como que sentindo coceira nos ouvidos se recusarão a dar ouvida a verdade entregando-se as fábulas” (2º Tm 4.3-4 – 1º Tm 4. 7 e 2 Pe 1.16).

COMUNHÃO

A Igreja primitiva desfrutava de uma comunhão intima não artificial gerada pelo Espírito Santo (At 2.42 – 4.32). Jesus orou para que houvesse esta comunhão a qual aponta de forma indicativa para a unidade amorosa do Pai com o filho e o amor Divino manifestado em Cristo pelo seu povo (Jo 17.20-23). Não podemos esperar que o mundo cresse que o “Pai” mandou o “Filho”, que as reivindicações de Jesus sejam verdadeiras, e que o cristianismo seja verdadeiro, a não ser que o mundo veja alguma realidade da unidade de cristãos verdadeiros (Francis A Schaeffer O Sinal Do Cristão ABUB/APLIC Goiânia1975p24).

A Igreja existe para manifestar em sua própria vida, a unidade em Cristo e o Pai, para que os homens saibam que Ele procede do Pai (Alan Richardson Introdução a Teologia do Novo Testamento - São Paulo - Aste 1966 pp 286 287 ).

Vejamos agora algumas manifestações desta comunhão.

NA VIDA DEVOCIONAL, NO PARTIR DO PÃO

Cremos que a expressão partir do pão (At 2.42) refere-se à Ceia do Senhor (Cf. Atos 20.7-11). A Igreja participava deste sacramento lembrando a morte e ressurreição de Cristo atestando publicamente a sua fé através da historia no regresso glorioso de Cristo “até que Ele venha” (1º Cor. 11.26).

NAS ORAÇÕES

A Igreja sentia prazer espiritual em poder participar do privilegio de falar com Deus em companhia dos irmãos não havia reuniões selecionadas. A Igreja era um todo que perseverava unanimemente no templo e nas casas (Atos 1.14 – 2. 42,46).

LOUVANDO A DEUS

O mesmo pode ser dito com respeito ao Louvor. “E estavam sempre no templo louvando a Deus” (Lc 24.53).

A Igreja expressava a sua fé e gratidão louvando a Deus (At 2.47 Ef 5.18 20 - Cl 3.16).

NA VIDA COMUNITÁRIA

Sensibilidade para com as Necessidades dos Irmãos. Os irmãos mais abastados sensibilizados com as necessidades do mais pobre vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos a medida que alguém tinha necessidade (At 2.45 leia também At 4.32,36,37), o resultado imediato disto foi que nenhum necessitado havia entre eles porquanto, os que possuíam terras ou casas vendendo-as traziam os valores correspondentes e depositavam aos pés dos Apóstolos, então se distribuía a qualquer um a medida que alguém tinha necessidade (At 4.34,35) esta ação era uma expressão de profundo veículo da comunhão Cristã na Comunidade Primitiva (G. E. Ladd Teologia do Novo Testamento Rio de Janeiro JUERP 1985 p 330).

Quando as viúvas dos Helenistas (Judeus de fala Grega provenientes da dispersassão) estavam sendo esquecidos na distribuição diária (At 6.1) os Apóstolos reconhecendo o problema e ao mesmo tempo não podendo observar todas as atividades da Igreja encaminharam à Comunidade de forma direta a eleição de sete homens de boa reputação cheios do Espirito Santo e sabedoria aos quais encarregaremos deste serviço (At 6.3) Surgiu assim o oficio de Diácono na Igreja cristã resolvendo o problema decorrente de uma injustiça involuntária.

Alguns anos mais tarde por volta de 46-48 aD. quando houve uma fome causando como sempre uma grande aflição (Cf Jeremias, Jerusalém no Tempo de Jesus São Paulo, Paulinas 1983 pp 173-175) Os discípulos cada um conforme as suas posses resolveram enviar socorro aos irmãos que moravam na Judéia o que eles com efeito fizeram enviando-o aos presbíteros por intermédio de Barnabé e de Saulo (At 11.29,30) posteriormente Paulo levantou uma coleta dentre os também pobres da Macedônia (2 Co 8.1-4) e de Corinto para os Cristãos da Judéia (2 Co 8 e 9 Rm 15.25,26).

A Igreja de Filipos sensibilizando-se com a pobreza de Paulo sem que ele nada pedisse enviou-lhe ajuda pelo menos em três ocasiões (Fp 2. 25 – 4.14-20).

Quando Pedro estava preso a Igreja orava incessantemente em favor dele (Atos. 12.5)

Estes são apenas alguns dos exemplos que refletem a comunhão espiritual da Igreja Primitiva. O curioso é que em muito dos casos os irmãos nem se quer se conheciam, entretanto entendiam que todos faziam parte do mesmo corpo de Cristo (1 Co 12.13).

TRATAMENTO SÉRIO DOS PROBLEMAS DOUTRINÁRIOS

Deve um gentio para tornar-se Cristão circundar-se? Esta foi a questão debatida no Concílio de Jerusalém. Alguns Fariseus que tinham se convertido faziam da pergunta acima uma afirmação, diziam eles. Se não vos circuncidardes segundo costume de Moisés não pode ser salvo (At 15.1), e mais, “É necessário circundá-los e determinar-lhes que observem a lei de Moisés (At 15.5)”.

Entretanto Paulo e Barnabé criam de forma diferente (Atos 15.2). A questão foi encaminhada aos Apóstolos e Presbíteros de Jerusalém que se reuniram para estudar a questão (At 15.6). Após o debate (At 15.7) o Concílio pronunciou-se sobre a questão de forma unânime com autoridade e simpatia (At 15.22,25), enviando para as Igrejas de Antioquia Síria e Cilicia a sua resolução sendo Barnabé, Paulo, Judas e Silas os emissários (At 15.23,25, 27). Neste episódio vimos a preocupação dos Apóstolos e Presbíteros em resolver as questões doutrinárias a fim de que o corpo de Cristo continuasse são, doutrinária e harmoniosamente. O resultado disso foi que as Igrejas se alegraram no Senhor e eram fortalecidas na fé e aumentavam o número dia a dia (Atos 16.5. leiam também At 15.30 - 33.16)*

TESTEMUNHO FIEL DO EVANGELHO - Em Atos 4.33, lemos.

“Com grande poder os Apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus”.

A Igreja cumpria a missão dada por Jesus Cristo, com fidelidade, pois Ele mesmo ordenou “e sereis minhas testemunhas” (Atos 1.8).

Quanto à extensão da ordem de Cristo veremos no item (os pais da igreja). A Igreja teve uma experiência pessoal com o seu Senhor e foi comissionada por Ele mesmo a dar testemunho perante o mundo dos atos salvadores de Deus e Suas virtudes (Mc 16.15 - Mt 28.19,20 - 1 Pe 2.9,10). A eficácia do ministério da Igreja consiste em apontar para a obra eficaz de Jesus Cristo, testemunhando o perdão do seu próprio pecado.

A Igreja apresenta-se como resultado histórico, fruto da ação de Deus em Cristo. Ela é a palavra que aponta para o seu Senhor. (Mateus 5.14-16 - Atos 2.14 - Atos 26. 22,23 - 1 João 1.2,3).

Nas páginas do Novo Testamento encontramos uma Igreja consciente desta realidade proclamando a Salvação oferecida por Deus em Cristo.

O CRESCIMENTO DA IGREJA

O resultado da pregação eficiente de uma vida cristã autêntica, além de outras coisas secundárias, redunda na glória de Deus (Mt 5.14-16 - 2 Co 9.12-15), resultando naturalmente, conforme o exemplo bíblico no crescimento espiritual e numérico da Igreja. O livro de Atos registra que enquanto a Igreja testemunhava e vivia o Evangelho “Acrescentava-lhes o Senhor dia a dia os que iam sendo salvos” (At 2-47), e mais “Crescia a palavra de Deus e em Jerusalém se multiplicava o número dos discípulos; também muitíssimos sacerdotes obedeciam á fé (Atos 2.41 - 4.4 - 6.7 - 9. 31 – 12. 24 - 14.1).

PRIMEIRA PERSEGUIÇÃO IMPERIAL – NERO

O primeiro perseguidor do cristianismo no trono imperial foi Nero, que com o seu nome marcou uma das mais horrendas tragédias da história, que foi o incêndio de Roma. Cláudio, seu pai ou padrasto, havia sido envenenado, provavelmente por sua própria esposa Agripina, que procurava assegurar o trono para seu filho Nero, moço então de 17 anos de idade. Depois de alguns anos felizes de governo, manifestaram-se nele todas as más inclinações humanas. Mandou matar a própria mãe, seu professor Sêneca, sua esposa Otávia, os Apóstolos Pedro e Paulo e muitos outros. No ano 64 uma grande parte da cidade de Roma foi destruída por um incêndio. Diz-se que foi Nero que ateou fogo ou que ordenara o incêndio. Dos 14 bairros de Roma só quatro ficaram em pé. Nero apontou os cristãos como culpados do incêndio de Roma, e moveu contra eles tremenda perseguição. Milhares de cristãos foram torturados e mortos. Grande parte desses heróis da fé foi destinado aos combates de feras, outros foram crucificados, muitos outros, ao cair da noite, vestidos de túnicas embebidas em óleo, e rezinas, foram atados a postes de madeiras, que os algozes incendiaram atrozmente, para iluminar a noite.

ASSIM MORRERAM ELES (SEGUNDO A TRADIÇÃO)

• Mateus sofreu martírio pela espada na Etiópia.

• Marcos foi arrastado por um animal pelas ruas de Alexandria, até morrer.

• Lucas foi enforcado em uma oliveira, na Grécia.

• João foi lançado numa caldeira de óleo fervente, desterrado para a ilha de Patmos, depois morreu em ditosa idade em Éfeso.

• Tiago, irmão de João, foi decapitado por ordem de Herodes Agripa, em Jerusalém.

• Tiago o menor, foi lançado do templo abaixo, ao verificarem que ainda vivia, mataram-no a pauladas.

• Filipe foi enforcado em Hierápolis, na Frigia.

• Bartolomeu tiraram a pele por ordem de um rei bárbaro.

• Tomé foi amarrado a uma cruz, e, ainda assim, pregou o evangelho de Cristo até morrer.

• André foi atravessado por uma lança.

• Judas foi morto a flechadas.

• Simão, o Zelote, foi crucificado na Pérsia.

• Matias foi primeiramente apedrejado e depois decapitado.

• Pedro foi crucificado de cabaça para baixo.

• Paulo acorrentado em um cárcere romano, disse. “Já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos que amarem a sua vinda” (2 Tm 4.6-8). Não muito depois de haver escrito estas palavras, foi decapitado por ordem do imperador Nero em 64 dC.

A MORTE DE NERO (36-68)

O miserável Nero morreu por suas próprias mãos no ano 68, cheio de remorsos e de medo, depois da sua morte a Igreja teve descanso por um espaço de 22 anos. Nero governou de 54 a 68, depois de sua morte, sucederam no espaço de um ano, três imperadores. Galba (que pôs Nero para correr) Otão e Vitélio, que caíram todas as vítimas de rebeliões.

A ERA SOMBRIA

A última geração do primeiro século, a que vai do ano 68 a 100, chamamos de era sombria, em razão de as trevas da perseguição estarem sobre a Igreja e também porque de todos os períodos é o que menos conhecemos. Para iluminar os acontecimentos desse período, já não temos a luz do livro dos Atos dos apóstolos. Infelizmente, nenhum historiador da época preencheu o vácuo existente.

Após o desaparecimento de Paulo, durante um período de cerca de 50 anos uma cortina pende sobre a Igreja. Apesar do esforço que fazemos para olhar através da cortina nada se observa. Finalmente, cerca do ano 120, nos registros feitos pelos pais da Igreja, deparamos com uma Igreja em vários aspectos, muito diferente da Igreja apostólica dos dias de Pedro, Paulo e João.

A queda de Jerusalém no ano 70 impôs grande transformação nas relações existentes entre cristãos e judeus. De todas as províncias dominadas pelo governo de Roma, a única descontente e rebelde era a Judéia. Os judeus, de acordo com a interpretação que davam as profecias, consideravam-se destinados a conquistar e a governar o mundo.

Por volta do ano 66, os judeus rebelaram-se, abertamente, apesar de não terem, desde o início condição de vencer. Vespasiano, o principal general, pelas armas e pelas ameaças é que se submetia ao domínio dos imperadores. Esse general romano conduziu um grande exército até a Palestina. Entretanto, logo depois foi chamado a Roma, para ocupar o trono imperial. (69-79). Ficou então na Palestina, chefiando o exército romano, o general Tito, filho de Vespasiano. Depois de prolongado cerco, agravado pela fome e pela guerra civil dentro dos muros, a cidade de Jerusalém foi tomada e destruída pelos exércitos romanos. Milhares de judeus foram mortos, outros milhares foram feitos prisioneiros, isto é, escravos. O famoso Coliseu de Roma foi construído pelos judeus prisioneiros, os quais foram obrigados a trabalhar como escravos, e alguns deles trabalharam até morrer. A nação judaica, depois de treze séculos de existência, foi destruída, sua restauração deu-se no dia 14 de Maio de 1948.

A SEGUNDA PERSEGUIÇÃO IMPERIAL (DOMICIANO) aD. 90

Domiciano (81-96). Também filho de Vespasiano. Bom administrador no início, tornando-se depois despótico e cruel. Cerca do ano 90, este indigno imperador iniciou a segunda perseguição imperial aos cristãos. Durante esses dias, milhares de cristãos foram mortos, especialmente em Roma e em toda a Itália. Nessa época, João, quase centenário, que vivia na cidade de Éfeso, foi desterrado para a ilha de Patmos no mar Egeu. Foi em Patmos que João recebeu a revelação que compõe o livro de Apocalipse, o último do Novo Testamento.

É provável que João tenha morrido em Éfeso por volta do ano 100.

COMPLETA-SE O NOVO TESTAMENTO

Foi durante esse período que se escreveram os últimos livros do Novo Testamento aparentemente as epístolas de Paulo foram primeiras reunidas pelos líderes da Igreja. Esta coleção foi logo seguida dos evangelhos já no começo do segundo século. Hebreus, Tiago, II Pedro, II e III de João, Judas e Apocalipse, o reconhecimento universal destes livros, como inspirados e canônicos, só aconteceu mais tarde.

Fases da Perseguição

As perseguições do primeiro século, efetuadas por Nero e por Domiciano foram, não há dúvida, explosões de delírio e ódio, sem outro motivo, a não ser a ira de um tirano. Essas perseguições deram-se de forma esporádica e não se prolongava por muito tempo. Entretanto, desde o ano 250 – 313 d.C, a Igreja esteve sujeita a uma série sistemática e implacável de atentados governamentais em todo o império, a fim de esmagar a fé cristã sempre crescente.

OS CINCO IMPERADORES QUE FORAM MAIS TOLERANTES (96 –180)

Sob o governo de Nerva, Trajano, Adriano, Antonino Pio e Marco Aurélio, que foram conhecidos como os cinco imperadores, nenhum cristão podia ser preso sem culpa definida e comprovada. O espírito da época inclinava-se a ignorar a religião cristã. Contudo, quando se formulavam acusações e os cristãos se recusavam a retratar-se, os governantes eram obrigados contra a própria vontade a pôr em vigor a lei e ordenar a execução.

Reinado de Nerva

Nerva sucedeu a Domiciano. A igreja ficara isenta de perseguição durante seu curto reinado. Nerva era homem de caráter brando e generoso, e tratou bem os cristãos, e com uma benignidade digna de louvor restabeleceu todos que tinham sido expatriados pela perseguição de Domiciano. Porém, depois do reinado de 16 meses, foi atacado por uma febre da qual nunca se curou.

Reinado de Trajano (98 – 117)

Trajano sucedeu Nerva. Este deixou os cristãos tranqüilos por algum tempo, mas sendo levado a suspeitar deles, determinou que se renovasse a perseguição, e sendo, possível, que exterminasse a nova religião, por meio decisivos e severos. Alguns mártires proeminentes da fé cristã foram executados nesse período. Simeão (ou Simão Mc. 6.3), o sucessor de Tiago bispo da Igreja em Jerusalém e, como aquele, era também irmão do Senhor. Diz-se que alcançou uma idade muito avançada. Foi crucificado por ordem do governador romano na Palestina, no ano 107, durante o reinado de Trajano. Inácio bispo de Antioquia da Síria, foi levado preso a Roma e lançado às feras do anfiteatro romano, no ano 110 d.C. apesar de a perseguição durante este reinado não haver sido tão forte com a que se manifestou depois, contudo, registraram-se vários casos de martírios, além desses dois.

Ainda sobre o martírio de Inácio, digno de nota é o seguinte. De viagem para Roma, escreveu uma carta aos cristãos romanos, pedindo-lhes que não tentassem conseguir o seu perdão, avisava Ter a honra de morrer pelo Senhor, dizendo. As feras atirem-se com avidez sobre mim. Se elas não se dispuserem a isto, eu as provocarei. Diz-se que quando o guarda dos leões veio soltá-los da jaula o povo quase enlouqueceu e batia palmas e gritavam com alegria brutal, mas o velho mártir conservou-se firme. Bradou ele. Sou como trigo debulhado de Cristo, que precisa ser moído pelos dentes das feras antes de se tornar pão. Não precisamos entrar nos detalhes dos poucos momentos que se seguiram.

Reinado de Adriano (117 – 138)

No ano 117 morreu Trajano, e seu sucessor Adriano, continuou as perseguições, mas com moderação. Mas mesmo assim, Teléforo, pastor da Igreja de Roma, e muitos outros sofreram o martírio.

Reinado de Antonino, o Pio (138 – 161)

Foi só no ano de 138, quando Antonino, o Pio subiu ao trono, que os cristãos ficaram de alguma maneira aliviados. Com seu reinado brando e pacífico começou um período de sossego que durou perto de trinta anos; durante esse tempo a palavra de Deus teve livre curso e Cristo foi glorificado. Ainda que este Imperador de certo modo favoreceu os cristãos, sentiu ele que devia manter a lei, havendo, por isso muitos mártires, entre os quais Policarpo.

Reinado de Marco Aurélio (161-180)

Com a subida ao trono de Marco Aurélio, começou uma nova opressão, e no segundo ano do seu reinado, as nuvens negras da perseguição uma vez mais manifestaram-se pelo antigo grito. lancem os cristãos aos leões. Tão terrível aos ouvidos de muitos. A grande coragem de Policarpo, Inácio e outros, não se encontravam somente neles, mostravam-se também em homens fracos, mulheres e crianças de tenra idade. A força que os tornava vencedores, vinha de Deus.

OS PAIS DA IGREJA

“E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros “(2 Timóteo 2.2).

INTRODUÇÃO

Ao ler este tema você deve estar se perguntando. “A Igreja por um acaso teve, ou tem pais? ” À esta indagação eu responderia com outras perguntas.

• Você sabe até que época é narrada a história da Igreja no Novo Testamento?

• Após a morte dos Apóstolos e dos discípulos mais jovens e reconhecidos como Tito e Timóteo como a Igreja viveu?

• E agora, a questão de início, o que significa a expressão “Pais da Igreja” ?

Estudamos o assunto para encontrarmos as respostas

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

1. Origem Do Nome

O último livro do Novo Testamento a ser escrito foi o de Apocalipse por volta do ano 96 AD (AD = Ano do Senhor). A história da Igreja a partir do segundo século é conhecida através de alguns historiadores antigos dos quais Eusébio é o principal, e de documentos que foram escritos em sua maior parte pelos chamados pais da Igreja com o objetivo de narrar o martírio de algum bispo (presbítero) exortar a Igreja á fidelidade combater as heresias etc. O designativo "Pais" foi aplicado aos bispos da Igreja já no segundo século. A obra anônima “O Martírio de Policarpo” escrita por uma testemunha ocular do ocorrido por volta do ano 155 AD, relata que a turba pagã e judia, desejando matar Policarpo por ser cristão vociferou. “Eis o doutor da Ásia o pai dos cristãos o destruidor dos deuses que com seu ensino afasta os homens dos sacrifícios e da adoração". (xii 2 inh Bettenson documentos da Igreja cristã São Paulo ASTE 1967 p 39 Grifo nosso).

Isto indica que na época era comum referir-se aos bispos cristãos como "Pais" (no caso acima descrito tinha um sentido pejorativo, como pai de uma heresia ou pai dos hereges. O emprego dessa expressão disseminou-se de tal forma que no quarto século todos os pastores e mestres que haviam participado do Concílio de Nicéia (325 ) eram chamados de "Pais da Igreja".

2. Período dos pais da Igreja

Ainda que não exclusivamente em sua maioria os pais viveram entre o fim da era apostólica e o Concilio de Calcedônia realizado em 451 AD.

3. Relação dos Principais Pais da Igreja

Os principais ou pelo menos, os mais conhecidos pais da Igreja são. Clemente de Roma, Inácio, Policarpo, Papias, Tertuliano, Aristides, Justino o Mártir, Taciano, Teófilo, Irineu, Cipriano, Orígenes, Jerônimo, Ambrósio, Agostinho, Atanásio, Basílio de Cesaréia, Crisótomo e Teodoro.

4. A Vida de Alguns Pais

• CLEMENTE DE ROMA (30-100 AD), foi um ilustre bispo de Roma (91-100 AD). Pensa-se que tenha sido companheiro de Pedro e também tenha ouvido o apóstolo João. Irineu que escreveu a sua obra conhecida como Adversus Haereses (contra as Heresias), por volta da segunda metade do segundo século diz.

"Clemente foi eleito para o episcopado, este não somente viu os bem-aventurados apóstolos, mais também conversou com eles guardando sua pregação viva nos ouvidos e sua tradição diante dos olhos" (Irineu Adversus Haereses iii In H Bettenson opcit p 106).

Por volta do ano 95 AD quando Clemente era bispo em Roma surgiu conforme narra Irineu, uma dissensão bastante aguda entre os irmãos de Corinto. A Igreja de Roma enviou aos Coríntios uma carta de muita ponderação constrangendo-os a se reconciliarem renovando-lhe mais uma vez a tradição que tinham recebido recentemente dos apóstolos (Irineu op cit iii 2 In H Bettenson Ibidem p 106).

Através da carta mencionada escrita por Clemente sabemos que a dissensão foi causada por alguns jovens que não estavam obedecendo aos presbíteros da Igreja (Primeira carta de Clemente Romanos aos Corintios).

Clemente exorta-os á humildade e obediência, segundo o exemplo de Cristo, para que possam assim chegar á unidade de paz (Temos em português a carta de Clemente na íntegra na obra editada pela imprensa Metodista - Clemente Romano - de José Gonçalves Salvador).

Esta epístola gozou de grande proeminência na Igreja sendo inclusive na Antigüidade lida nos cultos públicos.

Segundo a tradição Clemente foi condenado á escravidão nas minas, sendo posteriormente martirizado pelo imperador romano Trajano.

• INÁCIO DE ANTIOQUIA (30-110 AD) foi bispo de Antioquia da Síria sendo preso por se negar a adorar os deuses do Império. Foi condenado a morrer em Roma como uma espécie de contribuição ao espetáculo de comemoração da vitória dos Romanos sobre os Dácios. Durante a sua viagem em direção a Roma ele escreveu sete cartas que foram dirigidas as Igrejas de Roma, Éfeso, Magnésio, Trales, Filadélfia e Esmirna, bem como ao bispo de Esmirnia Policarpo. Nestas cartas encontramos o conforto de Inácio diante do iminente suplício e a exortação para que a Igreja permanecesse unida submissa ao seu bispo (epistola aos de Esmirna viii In H Bettenson Ibidem p 10).

• POLICARPO (69 – 156), bispo de Esmirna, na Ásia menor, foi discípulo do Apóstolo João. Ordenado pelo Imperador foi preso e levado a presença do governador. Ofereceram-lhe a liberdade, se amaldiçoasse a Cristo, mas ele respondeu.

Oitenta e seis anos faz que sirvo a Cristo, e Ele só me tem feito bem; como podia eu, agora, amaldiçoá-lo, sendo ele Senhor e Salvador?.

O governador notando com inquietação o clamor da multidão pediu ao ancião que abjurasse sua fé, mas Policarpo se negou a fazer isso. Tenho a mão animais ferozes, disse o governador, lançar-vos-ei à eles, se não mudardes de opinião – mandai-vos vir disse Policarpo tranqüilamente.

O governador perdeu completamente a paciência, mandou um arauto a pregoar no meio da arena. Policarpo é cristão. Esta proclamação foi repetida três vezes, como era costume, e a raiva da população chegaram ao auge. Vira no velho prisioneiro um homem que tinha desprezado os seus deuses, e cujo ensino tinha retirado o povo dos seus templos, e tornou-se geral o grito de. Lancem Policarpo aos leões. Mas a hora do espetáculo já tinha passado, e o asiarca que tinha aos seus cuidados os espetáculos públicos recusou-se a fazer a vontade do povo. Se ainda estavam dispostos a dar-lhe a morte, tinha de escolher outro dia. Assim, pois, se ouviu imediatamente o grito para que Policarpo fosse queimado. A lenha e a palha estavam ali à mão, e a vítima depois de ser despojada da sua capa, foi levada às pressas para o poste. Queriam pregá-lo, mas Policarpo pediu-lhes para ser simplesmente atado, e concederam-lhe isso.

Tendo orado recomendando a sua alma a Deus deu sinal ao algoz, e este logo lançou fogo à palha. Mas diz a tradição, por qualquer razão desconhecida, as chamas não tocaram no corpo de Policarpo, e os espectadores, olhavam uns para os outros na maior admiração. Contudo o ódio venceu a superstição, e pediram ao algoz que matasse a vítima a golpe de espada, assim se fez, o golpe fatal foi imediatamente dado e naquele momento de cruel martírio, o fiel servo do Senhor entregou a alma a Deus e foi queimado.

DECLÍNIO DO IMPÉRIO

Depois da morte do Imperador Marco Aurélio, no ano 180, seguiu-se um período de confusão. Os imperadores fracos e sem dignidade estavam demasiados ocupados com as guerras civis e com seus próprios prazeres, de modo que não lhes sobrava tempo para dar atenção aos cristãos, período de imperadores da caserna, nomeados pelo exército, até o ano de 284. Período de guerra civil e desastres interno generalizado. Contudo, Sétimo Severo, no ano de 202, iniciou uma terrível perseguição que durou até a sua morte no ano 211. Em Alexandria muitos mártires eram diariamente queimados, crucificados ou degolados, entre os quais Leônidas, pai do grande Teólogo Orígenes foi decapitado. Em Cártago, Vívia Perpétua, senhora nobre, casada, de 22 anos, mãe de uma criança ainda de colo, e sua fiel escrava Felicidade foram estraçalhadas pelas feras no ano 203.

• Caracala (211 – 217) tolerou o cristianismo,

• Eliogábalo (218 – 222) tolerou o cristianismo,

• Alexandre Severo (222 – 235) favorável ao cristianismo,

• Maximínio (335 – 238) neste reinado, muitos líderes cristãos proeminentes foram mortos. Orígenes escapou escondendo-se,

• Décio (249 – 251) decidiu-se resolutamente, a extinguir o cristianismo. Sua perseguição estendeu-se por todo império, e foi violenta, multidões pereceram sob as mais cruéis torturas, em Roma, norte da África, Egito, Ásia menor. Cipriano bispo de Cartago, um dos maiores escritores e dirigente da Igreja desse período, disse. O mundo inteiro está devastado. Origines morreu em consequência de ser preso e torturado, no governo de Décio.

• Valeriano (253 – 260) mais severo do que Décio, visava destruir completamente o cristianismo. Muitos lideres foram executados, entre eles Cipriano, bispo de Cártago e o sexto bispo de Roma , em 258,

• Diocleciano (284 – 305) Foi a última perseguição imperial e a mais severa; estendeu-se por todo o império. Durante seu governo, os cristãos foram caçados (como se caça animais ferozes ou bandidos da pior espécie) pelas cavernas e florestas, queimados, lançados as feras, mortos por todas as crueldades imagináveis. Ordenou que todos os templos construídos em todo império durante meio século de aparente calma, fossem destruídos. Em alguns lugares os cristãos eram encerrados nos templos, e depois ateavam-lhes fogo, com todos os membros no seu interior. Através de uma série de editos determinou que todos os exemplares da Bíblia fossem queimados.
Consta que o imperador Diocleciano erigiu um monumento com esta inscrição. Em honra ao extermínio da superstição cristã. (com provas incertas).
Diocleciano renunciou o trono no ano de 305, porém seus subordinados e sucessores, Galério (Imperador do Oriente), e Constâncio (Imperador do Ocidente), continuaram a perseguição durante seis anos.

• Constantino (o grande), filho de Constâncio e governador da Gália, o único que protegia os cristãos, servia como co-imperador nesse tempo, ainda não professava o cristianismo, entra em cena.

CONVERSÃO DE CONSTANTINO

Logo após a abdicação de Diocleciano, no ano 305, quatro aspirante a coroa estavam em guerra. Maximínio, Galério, Maxcêncio e Constantino.

Os rivais mais poderosos eram Maxcêncio e Constantino, cujos exércitos se enfrentavam na ponte Múvia sobre o rio Tibre, a 16 quilômetros de Roma. No dia 27 de outubro de 312, ele viu no céu uma cruz luminosa com a seguinte inscrição. IN HOC SIGNO VINCES (por este sinal vencerás). Decidiu combater sob a bandeira de Cristo e ganhou a batalha; Maxcêncio morreu afogado no rio Tibre. Isto mudou o curso da história do cristianismo. Pouco tempo depois, em 313, Constantino promulgou o famoso edito de Tolerância, que oficialmente terminou com as perseguições. Fim do período da Igreja perseguida.

O MISERÁVEL FIM DOS PERSEGUIDORES

• Nero, Diocleciano e Maximínio suicidaram-se,

• Domiciano, Cômodo e Aureliano foram assassinados,

• Adriano morreu em agonia gritando. “Quão desgraçado é procurar a morte e não encontrá-la”.

• Décio, cuja retirada foi impedida durante uma emboscada, morreu miseravelmente, e seu corpo foi comido por Abutres, Valeriano, depois de ter sido preso por Sapor rei da Pérsia, foi empregado como um banco onde esse rei punha os pés quando montava o seu cavalo; e depois de sofrer durante seis anos este e outros insultos, foram-lhe arrancados os olhos e esfolado vivo.

• Galeirão, o príncipe dos perseguidores, foi atacado por uma doença terrível que o condenou a um contínuo martírio. Foram consultados os médicos, em vão, e assim como Antioco Epifânio e Herodes, que foram tão cruéis quanto ele, foi o seu corpo comido de bichos (de Deus não se zomba).

Vivenciando os princípios de Jesus registrados em Sua palavra aplicando-os ao nosso contexto, nunca esquecendo que nós também somos Sua Igreja e Sua palavra é eterna.

Fonte: Profº Dionísio P. Santos