“A História do Povo Hebreu”.

HEBREUS

Povo Hebreu

Este artigo pretende sintetizar a História judaica,i.e. a história do povo judeu, desde sua origem ao separar-se dos antigos hebreus, sua evolução histórica, cultural e religiosa, e seu papel no mundo. Como boa parte da história antiga dos judeus baseia-se na tradição judaica não é possível determinar-se a veracidade das datas ou dos eventos que geralmente são apresentados sob ponto de vista judaico.


HEBREUS

Antigo povo da região do Levante, que depois dará origem aos judeus.

A palavra hebreu pode assumir os seguintes significados:

• Qualquer descendente de Éber, descendente de Noé.

Éber (do hebraico עבר) é um dos descendentes de Noé. Eber, também pode ser interpretado como do Outro Lado ou do Oriente (além do Rio Jordão). Éber ou Heber foi ancestral de Abraão, segundo historiadores, da tribo de heber surgiu o povo hebreu ou heberitas.

De acordo com a tradição islâmica, Heber nasceu cinco gerações após Nuh (Noé). Naquela época as pessoas já haviam esquecido sobre o dilúvio que tinha destruído a terra nas gerações passadas e começaram a produzir estátuas que idolatravam. Apesar de Heber ter advertido e repreendido, as pessoas persistiram em sua idolatria. Para puni-los Deus mandou uma estiagem. Depois dessa estiagem as pessoas não se arrependeram, pelo que Deus mandou uma grande tempestade da qual só Heber e poucos outros sobreviveram.

No alcorão Heber é mencionado como Hud

As línguas hebraicas.

O hebraico moderno é uma língua semítica pertencente à família das línguas afro-asiáticas. A Bíblia original, a Torá, que os judeus ortodoxos consideram ter sido escrita na época de Moisés, cerca de 3.300 anos atrás, foi redigida em hebraico clássico. Embora hoje em dia seja uma escrita foneticamente impronunciável, portanto indecifrável, devido à não-existência de vogais no alfabeto hebraico clássico, os judeus têm-na sempre chamado de a לשון הקודש Lashon haKodesh ("A Língua Sagrada") já que muitos acreditam ter sido escolhida para transmitir a mensagem de Deus à humanidade. Por volta da primeira destruição de Jerusalém pelos babilônios em 586 a.C., o hebraico clássico foi substituído no uso diário pelo aramaico, tornando-se primariamente uma lingua franca regional, tanto usada na liturgia, no estudo do Mishná (parte do Talmud) como também no comércio.

O hebraico renasceu como língua falada durante o final do século XIX e começo do século XX como o hebraico moderno, adotando alguns elementos dos idiomas árabe, o ladino, o iídiche, e outras línguas que acompanharam a Diáspora Judaica como língua falada pela maioria dos habitantes do Estado de Israel, do qual é a língua oficial primária (o árabe também tem status de língua oficial). O nome hebraico para a língua é עברית, ou ivrit.

Versão bíblica

A versão bíblica da história judaica considera que os judeus são uma nação escolhida por Deus como um povo separado e santo, fiel guardião das leis (Torá) outorgadas por este Deus. Assim a história bíblica de Israel é uma história onde Deus intervem no mundo em cada situação de acordo com a relação de Israel para com Deus.

Os patriarcas e o êxodo

De acordo com a tradição judaico-cristã , a história judaica começa com o chamado de Deus ao hebreu Abraão. Abraão teria sido um fiel seguidor do monoteísmo em uma época de idolatria, o que fez com que Deus fizesse um pacto de dar uma descendência à Abraão e fazer desta descendência o povo eleito deste Deus. Esta promessa se cumpriria com o nascimento de Isaque,que daria origem à Jacó e este seria pai de doze filhos, que serão os pais das doze tribos de Israel. Após a imigração para o Egito devido à uma grande fome, a família de Jacó cresce em número e influência, o que leva à sua escravização por parte dos egípcios, e o surgimento de um libertador, Moisés, que sob a mão de Deus tira o povo do Egito, entrega-lhes às leis divinas e dá aos filhos de Jacó um sentido de "nação". Após uma peregrinação de quarenta anos no deserto, este povo teria, sob o comando de Josué conquistado a terra de Canaã.

A narrativa do Êxodo no entanto não tem encontrado respaldo fora dos escritos bíblicos. Mesmo os documentos egípcios da época (conforme calculado pelo Tanakh) encontrados até agora não tem fornecido informações a respeito do êxodo israelita. No entanto, alguns estudiosos tendo encontrado menções aos hapiru, têm crido que este termo se refira aos hebreus.

Os juízes e a monarquia unida

Os israelitas conquistaram algumas regiões de Canaã, mas ainda assim não mantiveram uma unidade nacional. Cada tribo mantinha suas leis e costumes, e uniam-se ou combatiam entre si de acordo com as suas conveniências. Geralmente cada tribo era governada e julgada por juízes, pessoas que seriam determinadas por Deus para tal cargo.

Posteriormente, os israelitas querendo imitar outras nações, pedem um rei, e Saul, escolhido por Deus torna-se rei de Israel. Mas sua rebeldia ao seguir os mandamentos da Torá faz com que perca o reinado, e após alguns contra-tempos, Davi, um pastor-guerreiro de Judá é escolhido rei. Aqui apresentam-se a primeira vez a unificação das tribos em uma única nação, e inicia-se o período áureo da história judaica, que será consolidado com o reinado de Salomão, filho de Davi.

A divisão dos reinos

Com o descontentamento constante das tribos sob o domínio de Salomão, o reino se divide em duas partes sob o governo o filho de Salomão Roboão e Jeroboão: o reino de Judá ao sul e o reino de Israel ao norte. Diversas crises políticas e religiosas acabam levando à decadência dos dois reinos: o reino de Israel é destruído pelos assírios, enquanto o reino de Judá é destruído pelos babilônios. No exílio, o povo israelita começa à tomar consciência do seu papel no "Plano de Deus", e após alguns anos, retornam para sua terra e reconstroem o Templo e organizam suas Escrituras. Com estes fatos encerra-se a história do período das Escrituras Hebraicas.

A era talmúdica

Com o retorno de algumas comunidades judaicas para a Judéia , uma renovação religiosa levou à diversos eventos que seriam fundamentais para o surgimento do Judaísmo como uma religião mundial. Entre estes eventos podemos mencionar a unificação das doutrinas mosaicas, o estabelecimento de um cânon, a reconstrução do Templo de Jerusalém e a adoção da noção do "povo judeu" como povo escolhido e através do qual seria redimida toda a humanidade.

A comunidade judaica da Judéia cresceu com relativa autonomia sob o domínio persa, mas a história judaica tomará importância com a conquista da Palestina por Alexandre Magno em 332 a.C.. Com a morte de Alexandre, o seu império foi dividido entre seus generais, e a Judéia foi dominada pelos Ptolomeus e depois pelos Selêucidas, contra os quais os judeus moveram revoltas que culminaram em sua independência ( ver Macabeus (família). Com a independência e o domínio dos Macabeus como reis e sacerdotes, surgem as diversas ramificações do judaísmo da época do Segundo Templo: os fariseus, os saduceus e os essênios. As diversas intrigas entre as diversas divisões do judaísmo levou à conquista da Judéia pelo Império romano.

JUDEUS

“Introdução á Cultura Judaica” (Prof. Dr. Salomão Schneider)

Introdução (parte 1)

Perguntaram certa vez a Hilel (um sábio judeu do período de dominação romana) como se poderia definir o judaismo em uma só frase, e ele respondeu: "Não faça ao outro o que não queres para ti mesmo". Creio que se esta frase não exaure o que é o judaísmo, por certo é um ótimo começo.

Recebi no final do ano um cartão de Boas Festas, no qual estava escrito um texto que passo a reproduzir:

Doutor Victor Frank sobrevivente do campo de concentração de Auschwitz, escreveu em seu diário:

Aqueles que viveram nesses lugares de morte conseguem ainda se lembrar que, durante a noite, alguns dos que estavam ali iam de barraca em barraca confortando os mais desesperados e, muitas vezes, ofereciam um pedaço de pão ou de batata que havia sobrado. Poucos eram capazes de agir assim, mas esse poucos davam a todos a maior das lições: pode-se tirar quase tudo de um homem, menos sua liberdade de escolher – não importa em que circunstância – a maneira como acham que devem agir.

A partir deste texto vamos levantar alguns aspectos e fundamentos básicos de cultura judaica na qual se inclui e se confunde nela a própria religião mosaica.

Como um dos fundamentos básicos e fundamentais e ainda tendo como exemplo o texto acima exposto do Dr. Victor Frankl, a liberdade de escolha do caminho a seguir é um dos aspectos mais relevantes desta cultura.

Na visão judaica o homem nasce com um duplo sentido, o instinto bom e o instinto mau (IETZER TOV E IETZER RÁ) dependendo de que decida em relação qual dos dois irá adotar como norma de vida, ira se aproximar ou se afastar de Deus, que nesta cultura é a culminância do objetivo do ser humano. Somente chegara a isto adotando as normas de um caminho ético e moral já designado na cultura ou na religião.

Assim para os judeus, Deus criou um caminho de vida a ser seguido, porém por livre escolha do ser humano, não por imposição, não por recompensa ou castigo, mas por livre decisão de quem o adota, somente assim através da valoração em liberdade de escolha, sem pressão ou sem atrativos a não ser a satisfação da adoção da ética em si.

Assim podemos entender porque, quando a inquisição obrigou os judeus a se converterem pela força ao cristianismo, muitos entre eles preferiram a morte na fogueira do que a perda de um direito dado a eles pelo próprio Deus.

Comprovamos tal afirmação através do texto bíblico, Gênesis 2,16 (o primeiro Nº sempre se refere ao capitulo, e o que vem após a virgula se refere ao versículo) "E ordenou o Eterno Deus ao homem dizendo: De toda árvore do jardim podes comer: 17) E da árvore do conhecimento, do bem e do mal, não comerás dela: porque no dia em que comeres dela, morrerás".

Ora, se Deus não quisesse que o homem tivesse que enfrentar tal problemática, porque o criou ? Ainda mais criou o mal junto com o bem para que houvesse uma dupla possibilidade de escolha, pois se houvesse somente o bem, como o ser humano teria possibilidade de ter ampla escolha, ou dupla escolha, ou escolher em liberdade?

Assim a própria criação do mal, advém da necessidade de escolha em liberdade do caminho do bem, senão esta escolha perde parte do sentido para os judeus. A esta opção livre como direito humano denominaram LIVRE ARBITRIO.

O texto bíblico reforça esta analise quando podemos ler em Gênesis 3,6: E viu a mulher que boa era a árvore para comer e que desejável era para os olhos, e cobiçável a árvore para entender (o bem e o mal) e tomou do seu fruto e comeu; e deu também a seu marido, (que estava) com ela, e ele comeu.

Portanto apesar de advertência de Deus e de sua oposição a comer o fruto do conhecimento, o homem e a mulher resolvem com seu livre arbítrio ao contrário. Portanto Deus lhe tinha concedido este Dom, já que não podemos pressupor que tivessem possibilidade de se opor a vontade de Deus, se Este não lhes tivesse dado tal direito.

E onde podemos encontrar uma confirmação deste direito no texto bíblico, afora o que já citamos acima?

Este direito nasce com a própria criação do homem.

E onde podemos encontrar uma confirmação deste direito no texto bíblico, afora o que já citamos acima? Este direito nasce com a própria criação do homem.

Em Gênesis 1,26 esta escrito: E disse Deus "Façamos homem á nossa imagem segundo a nossa semelhança". 27) E criou Deus o homem á sua imagem, á imagem de Deus o criou.

Maimonides, em uma obra "O Guia dos Perplexos" destingue dois conceitos na língua hebraica: Tselem (forma) e Demut (semelhança) são forma e semelhança espiritual, palavras usadas no texto bíblico original em hebraico, no que se refere aos versículos 26 e 27.

Se a intenção do texto fosse designar uma semelhança material, teriam sido usadas as palavras hebraicas Toar (aspecto) e Tavnit (configuração).

Toar e Tavnit significam a figura material, enquanto Tselem e Demut as comparações da forma espiritual.

A bíblia em hebraico ao indicar as palavras acima, define o espirito e nos confronta com um dos princípios básicos do judaísmo. Não se pode elevar a Deus por intermédio da matéria, Toar e Tavnit (vide Isaias 44 – 13) e sim por meio do espirito Tselem e Demut. Portanto a imagem e semelhança do homem para com Deus é somente espiritual, isto é Deus de acordo com o texto e com a interpretação filológica de Maimonides dá direito ao homem, um dom que somente Deus possue e este dom é a liberdade de criação, a livre escolha, ou seja o livre arbítrio.

Os hebreus jamais definiram a forma e o nome de Deus. Em todo o texto do TANACH (Bíblia Hebraica) jamais aparece a configuração da aparência de Deus, e jamais foi lhe dado um nome próprio. Partindo do princípio que a obra não pode definir o seu criador, ou que o homem criado por Deus e ilimitado por sua natureza humana não poderia ter capacidade de definir seu criador ou particularizá-lo com um nome próprio.

Se assim fosse definido, não passaria de uma criação da mente humana em suas limitações e jamais seria uma representação real muito além do alcance e compreensão do ser humano.

Por isso diferentemente da cultura grega – romana Deus, para os hebreus, não se explica, e portanto não temos capacidade para explicar sua forma, seu nome, e portanto sua origem. Deus não nasce, ao contrário. Ele está antes de tudo e é o criador de tudo.

Podemos perceber isto na leitura do Gênesis 1,1: No princípio criou Deus os céus e a Terra.

Portanto para os judeus Deus, não só está antes do princípio, como cria o próprio princípio. Não há explicação de onde vem, como surge. Ele simplesmente está lá.

Quero lembrar que veiculada nos principais instrumentos da mídia nestes últimos dias, o Vaticano fez circular uma notícia na qual afirmava duas coisas:

• Que não se podia vincular a idéia de Deus a um velho de barbas brancas, vestido com lençol branco. Portanto o cristianismo se aproxima e começa a coincidir a visão judaica e cristã, reforçando a idéia de Deus como apresenta a cultura judaica.

• Que não se podia mais pensar no demônio como um mostro com chifres na cabeça e pés cabrinos, soltando fogo pela boca e pelas narinas. Típicas representações criativa da cultura da idade média. Para o Vaticano, (e nisso se aproxima da idéia judaica do mal) a configuração do mal é a ausência do bem, tal como via o teólogo cristão Santo Agostinho.

As primeiras palavras do Gênesis, que tratam da Cosmogonia, são cheias de solene majestade, sem adornos, sem fantasias inúteis e impressionam justamente por isto.

Somente Deus existia naquele tempo com sua Onipotência e a sua vontade de criar o mundo. Este conceito tão elevado da realidade e do pensamento humano está expresso de uma maneira simples e sem nenhum esclarecimento sobre o feito maravilhosos da criação.

No primeiro versículo do Gênesis, vemos uma intenção evidente, que é a de dar ao homem a consciência de que tudo se deve á criação divina. Os antigos mitos das grandes culturas contemporâneas dos hebreus bíblico, atribuem a existência do mundo ao resultado da luta dos múltiplos deuses, ou como nascido da causalidade e do capricho.

Porém a Torah (Pentauteuco – 5 livros de Moises, dos quais o Gênesis é o primeiro livro) nos quer mostrar a criação do universo como expressão da Vontade Divina (no enfoque da Cabalah) a criação obedece a um propósito, e portanto é o princípio de tudo, e não somente a criação em si, mas a Providência, isto é Deus como criador, legislador e Condutor do Universo.

Os primeiros capítulos do Gênesis encerram em si os profundos princípios e mistérios da criação, tal como foram desvendados no Talmud e na Cabalah. Para os religiosos ortodoxos é impossível considerar o sentido literal ou aparente desses capítulos. O verdadeiro sentido é muito mais profundo, e seu estudo necessita de um prévio conhecimento das doutrinas completas da Torah.

O mistério e a majestosidade de indefinição de Deus, levou aos judeus, em seus escritos, especialmente na bíblia, a que Deus não tivesse qualquer configuração, atitude, ação ou reação que estivesse dentro dos âmbitos e da dimensão de um ser humano. A criatura gerada não pode definir o seu criador.

O fato de possuir o livre arbítrio gerou um enfoque indeterminista, com relação ao futuro do ser humano.

Assim para a cultura judaica Deus não determina o futuro do ser humano, mas pelo contrário, espera que este escolha em liberdade o caminho a seguir, já que possue toda uma legislação determinando o rumo deste caminho.

A única recompensa ou castigo por tal decisão será se aproximar de Deus ou se afastar dele. Pois para os judeus o homem foi criado justamente para, em liberdade, criar e colocar em prática uma sociedade baseada nos princípios éticos determinados por Deus.

Se seguirmos este raciocínio, poderemos ter a resposta para muitos que dizem que Deus não existe, pois como poderemos conciliar a idéia de um Deus ético e as mazelas de nossa sociedade: miséria, guerra, fome, desigualdade social etc.

A resposta é que tendo o livre arbítrio, a liberdade de escolha, o retrato e perfil de nossa sociedade é o produto da escolha do ser humano, e as mazelas as conseqüências desta opção. Portanto de acordo com o raciocínio judeu, não podemos imputar à inexistência de Deus, aquilo que o homem em liberdade escolheu para si, o que seria uma contradição absoluta.

Jaime Barylko, em seu livro La Tora el Libro de la Vida (editado pela Amia, federação de entidades israelitas argentinas) no capitulo III, La fe de Abraham, explica sobre o determinismo e o indeterminismo na cultura judaica.

No livro Gênesis, 15,5: E fê-lo sair e disse (para compreender do que se trata é necessário ler os versículos 1 a 4 do capitulo 15) Olha para os céus e conta as estrelas, se podes contá-las. E disse-lhe: "Assim será tua semente".

"E fê-lo sair."

Perguntaram os sábios judeus. Porque fez Deus Abraham sair ? De onde o tirou ? Rashi (Rabi Salomão Ben Itzchak – França – Idade Média) assinalou as respostas possíveis: a) O tirou da tenda onde midrash (interpretação de um texto bíblico que se encontra no Talmud) o tirou fora, ou seja fez ele sair de seus conceitos preconcebidos, relativos a astrologia e ao determinismo da existência humana.

O homem se prende a certas idéias como em uma prisão, e aí se asfixia. São as idéias pré-concebidas, aprendidas, tidas por absolutas. Aí estava Abrão. Por mais que tivesse saído de sua pátria, família, pais, muito daquela cultura havia restado ainda nele. Sobretudo as crenças astrológicas da influência dos astros e seus movimentos sobre o destino do homem, que prevaleciam nos países da Mesopotâmia.

De acordo com os astrólogos de Ur (cidade onde nasceu Abrão) lendo seu destino astral de acordo com o movimento dos astros, ele estava predestinado a não ter filhos. Assim estava determinado pelos astros.

Para Abrão, patriarca de uma tribo, sem ter um filho homem, que herdaria o seu título e bens frente a própria tribo ? Para o sistema patriarcal semita nada pior poderia acontecer ao chefe. Abrão estava destinado a não ter filhos. Esta obsessão o absorvia. Daí sua angustia.

O que fez Deus?

Fez Abrão sair. O tirou do poço da amargura. O arrancou de seus preconceitos. Com suavidade, lhe mostrou as estrelas. Essas estrelas que, segundo Abrão e segundo seus mestres babilônicos, determinavam seu destino.

"Olha para o céu."

Em hebraico olhar se diz habet, e costuma-se usar logo a preposição Al, : sobre. Ao olhar, o sujeito contemplador se coloca, de alguma maneira, acima do objeto contemplado; ao menos espiritualmente.

Continuam explicando os sábios: colocou (a Abrão) acima do céu e das estrelas.

Elas dependiam de seu olhar; e não ele de seus decretos astrológicos. Ainda mais ao colocar Abrão acima dos astros do céu, como que pronunciava que um dia o homem dominaria os astros, como nos parece, pelo que já foi feito neste campo, que realmente acontecerá.

Abrão foi desta maneira pedagógica, libertado de toda sorte de preconceitos astrológicos e deterministas. Não havia filhos ainda, porém poderiam haver. Se Abrão não tivesse sido retirado de seu torpor determinista, não mais lutaria para conseguir o que tanto almejava, aceitando o fado do destino e a sua sentença cruel. Porém, assim não aconteceu. A astrologia (a fatalidade da natureza) diz NÃO. Deus replica SIM.

Deus é, pois, a ruptura de todo o determinismo, de todo o pré-conceito, de todo pré-julgado.

Iehuda Halevi em seu livro Cuzari, (IV, 17) (escritor, filosofo, líder judeu da época de ouro da Espanha, antes da expulsão) considera: "Deus ordenou a Abrão que saísse para fora das ciências como a astronomia e outras, e para que se ligasse a Deus na intuição imediata da vivência, conforme está escrito: "Desfrute e veja que bom é Deus" Salmos XXXIV).

Nada mais biológico que Ter filhos; nada mais natural que não Ter. A natureza obriga. A Astrologia pode querer determinar se isto acontecerá ou não. A ciência as vezes também pode errar, porém o certo nada superará o espirito e a determinação humana em querer conseguí-los. As conquistas modernas no campo da medicina o demonstram cabalmente.

Parte 2

SHALOM ALEICHEM! QUE A PAZ ESTEJA SOBRE VOCÊS

• 1,3 bilhões de seres humanos vivem com menos de US$ 1,00 por dia.

• 3 bilhões de seres humanos vivem com menos de US$ 2,00 por dia.

• 1,3 bilhões não tem acesso a água limpa.

• 3 bilhões não tem acesso a saneamento básico.

• 2 bilhões não tem acesso a energia.

Dados fornecidos por James Wolfshon, presidente do banco mundial.

Uma das bases do judaísmo, esta expressa no conceito que os judeus são responsáveis uns pelos outros. A ajuda aos menos favorecidos é a essência do credo e da praxes judia.

Caridade vem da raiz latina caritas, amor, afeto, claro que dirigindo ao seu semelhante. Um sentimento individual, que vem do coração, espontaneamente. Não existe nenhuma obrigação com relação a este sentimento.

Filantropia, duas palavras gregas: Philos: Amor afeto; e Anthropos: ao homem. Novamente estamos perante um sentimento que pode ou não se manifestar nos seres humanos, porem surge individualmente e sem nenhuma obrigação para sua execução. No judaísmo encontramos uma outra concepção com relação ao amor e preocupação ao seu semelhante.

Tzedaka – Vem da raiz da palavra hebraica Tzedak: Justiça. Ou seja para os judeus, Deus dá ao homem riquezas, porém junto com ela vem uma obrigação e, justamente por isso recebeu a riqueza, isto é ela tem uma obrigação social, ajudar ao mais desamparados da sociedade, e se não fizer estará infringindo a lei.

Conta uma famosa história (agadá em hebraico) chassídicas (movimento religioso judaico, que em seus primórdios foi uma revolta religiosa popular, contra os dogmáticos) que um judeu muito rico, seguidor desta seita judaica, foi ao rabino e declarou que queria fechar seus negócios que empregavam muita gente, e dedicar a sua vida a santidade somente rezando e se dedicando a Deus.

O rabino lhe respondeu que ao colocar tanta gente sem emprego seria uma forma de se afastar da santidade e não se aproximar dela. Afora o que lhe lembrou que ao receber tantos bens terrenos, tinha selado um compromisso com Deus de dar parte correspondente dos mais pobres dando-lhes emprego e assim possibilitando eles sobreviverem.

Portanto ajuda aos mais necessitados é uma obrigação coletiva, já que tem que ser levado a prática, não em decorrência de um sentimento nobre que pode ou não se manifestar, porém por ser um preceito de lei. Isto porque todos os homens são irmãos entre si, já que descendem de um mesmo casal: Adão e Eva. Posteriormente voltaremos a escrever sobre as conseqüências do conceito da origem da humanidade por um só casal. Como se prática a Tzedaká? Através da Mitzvah. MITZVAH ( em hebraico, "mandamento" ). É um preceito da cultura judaica, pode ser positivo (mitzvah aseh) a que tem obrigação de ser feita; (mitzvah lo aseh) negativo, o que não pode ser feito.

Segundo o Talmud, (palavra hebraica que quer dizer Ensino. Nome dado a cada uma das grandes compilações, que se distinguem respectivamente como o Talmud da Babilônia, e o Talmud da Palestina (chamado Ierushalmi: Jerusalém) livros nos quais estão reunidos os relatos da discussão acadêmica e da aplicação judicial da Lei judaica por gerações de sábios e juristas em mais de um pais, durante vários séculos. Foi iniciado após o ano 200 E.C. e levou em torno de 700 sendo escrito.) existem 613 preceitos no Pentateuco, além dos mandamentos decretados pelos rabinos.

Se distinguem entre duas categorias de mandamentos: (1) mishpatim ("sentença") – mandamentos cuja observância seria dedutivo mesmo se a Bíblia não os mencionasse expressamente; e (2) chukim ("leis") mandamentos que não seria possível deduzir logicamente, a menos que ordenados explicitamente.

Os eruditos judeus medievais denominavam a primeira categoria de sikhliyot (racionais) e as Segunda de shimioyt("revelados"). Fizeram-se, também, outras distinções, como: mandamentos a ser cumpridos com os orgãos externos do corpo, e os com o coração; mandamentos que regem a conduta do homem para com o seu Criador e os que regulam o comportamento dos homens entre si, mandamentos cuja observância se condiciona a determinada época e os que são permanentemente obrigatórios; mandamentos aplicáveis apenas a Israel (geograficamente) e os que não dependem dele.

O termo mitzvah se emprega, coloquialmente, para qualquer ato caridoso ou louvável, bem como para as honrarias da sinagoga.

Já que estamos entrando no terreno das leis, podemos complementar este estudo com um dos componentes do Talmud, que é a MISHNAH.

Codificação legal da essência da Lei Oral. Foi compilada pelo rabino Judá – Hanassi, com base em coleções anteriores e disposto em arranjo sistemático. Divide-se em seis Ordens (em hebraico, sedarim):

(1) MISHNAH ZERAIM ("sementes") – que trata principalmente das leis religiosas pertinentes à agricultura;

(2) MISHNAH MOED ("época") que trata das leis do Sabath (Sábado) festividades, etc.

(3) MISHNAH NASHIM ("Mulheres") – que trata das leis do casamento e divórcio e das promessas (votos).

(4) MISHNAH NEZIKIN ("Danos") – que trata de legislação civil e criminal.

(5) KODASHIM ("coisas sagradas") – que expõe as leis reguladoras do abate ritua; do gado, dos sacrifícios que eram feitos no Templo de pequenos animais e objetos consagrados.

(6) MISHNAH TOHOROT ("purezas") – que trata das leis de pureza cerimonial. As ordens subdividem-se em tratados, cada qual tratado de um tema específico. Os tratados dividem-se em capítulos e estes em parágrafos conhecido como mishnaiot.

Uma das mais incompreendidas leis do povo judeu, usada até mesmo para difamá-lo, é a lei hebraica conhecida como lei do Talião, mais popularmente conhecida como "olho por olho, dente por dente". Nesta lei muitos adversários do povo judeu, se basearam para atacar a cultura judaica como uma cultura que pregava a retaliação e revanche.

Se observarmos os códigos das religiões primitivas dos povos antigos do Médio Oriente e Próximo Oriente, também como eles o código hebraico continha uma lei de tailão, conhecida no campo do Direito, como lex tailones. A hebraica esta determinada do Levítico 24:17-20

"E o homem que ferir de morte toda alma de pessoa será morto. E o que ferir de morte um animal o pagará; alma por alma. E o homem que causar um defeito em seu companheiro, conforme ele fez, assim lhe será feito. Quebradura por quebradura, olho por olho, dente por dente, conforme o defeito que causar ao homem, assim se lhe obrigará a pagar".

No Talmud, os juristas rabínicos viam nesta lei e em sua finalidade mais uma advertência para a prevenção de delitos, além de colocar em pé de igualdade os direitos da vitima e do agressor, tentando fazer justiça medida por medida – midáh kenegued midáh. "Na mesma medida que fizerdes aos outros, assim te será feito".

Perante a lei penal judaica, havia igualdade de tratamento inclusive para os escravos. Assim considerava-se que cada ser humano era responsável por seus atos e não seus parentes.

A lei de Talião, contudo não tinha correspondência na realidade da vida judaica, pois embora formalmente inscrita nas ordenações dos levitas e em seus livros, sua aplicação era quase inócua, pois entrava em choque com a visão judia da preservação da vida e do corpo humano, pois ambos eram criações divinas.

Assim os doutrinadores e os sábios judeus, bem como os que aplicavam a lei recomendavam largueza de espirito e, principalmente, o perdão para o assassina; os juizes julgavam os crimes de morte usando de rodeios processuais, obstruções legais e denotavam, pelas sentenças proferidas, sua inclinação para a misericórdia, e não faziam nenhuma questão de esconder tal indignação.

Segundo documentos da Era Mishnaica, e conforme o texto de Natan Ausubel na página 557 do livro Conhecimento Judaico, era raro que alguém fosse executado na Judeia por qualquer crime de maior gravidade.

Irving M. Bunim no livro ´A ÉTICA DO SINAI', no prólogo, á pag. 3 trata também sobre o tema.

A Mischná estabelece as leis da pena capital (Embora a execução por crimes capitais esteja previstas nas Escrituras Sagradas e o Talmud análise detalhadamente as leis de tal execução, na prática raramente eram proferidas sentenças de morte. De fato, um Beit din., tribunal rabínico, que mandou executar uma única pessoa em setenta anos, foi considerado um "tribunal assassino". Os sábios invocavam muitos argumentos e consideravam todas as circunstâncias atenuantes para salvar a vida da pessoa que devia enfrentar a sentença de morte).

No atual Estado de Israel a única pena de morte executada foi a do coronel nazista Adolfo Haichman planejador e executor da morte de 6 milhões de judeus na II guerra mundial.

Os Rabis Akiva e Tarfon, lideres judeus na luta contra os romanos, diziam: Se fizéssemos parte de um Sinédrio, ninguém jamais seria condenado à morte.

O Sinédrio era a corte suprema de Jerusalém, composta 71 Fariseus e continha 23 juizes que julgavam os criminosos. Para não deixar impunes os delitos a fim de que a vítima tivesse sua compensação, os judeus desenvolveram um sistema aprimorado de multas em dinheiro para compensar danos causados. Isto tornava bem mais inócua a aplicação da lei medida por medida.

Encontramos no Talmud a seguinte tabela:

* um soco = 1 shekel

* um tapa com a palma da mão = 200 zuzim

* uma joelhada = 3 selas

* um pontapé = 5 selas

Compensação pela perda de capacidade de trabalho: tratamento médico e despesas. Agressão resultando em ferimento ou doença: indenização conforme a gravidade.

No que se refere a crimes patrimoniais outras culturas eram completamente diferente do que a legislação hebraica.

Assim por exemplo em Roma (Toda a civilização latina esta fundamentada no Direito Romano) ladrões eram crucificados ou tinham quebrados e arrancados seus braços e pernas, enquanto a lei hebraica estabelecida para tais delitos uma multa em dobro do valor roubado.

Em muitos países até o século XIX e, em muitos países até hoje, a tortura física de prisioneiros era amparada em lei.

A Inquisição (tribunal eclesiástico católico romano) que funcionou desde o século XIV até o século XVIII, fez uso da tortura, mutilação, morte na fogueira, aplicadas não só aos judeus, porém a todos aqueles que discordavam deles como: protestantes, mulheres consideradas feiticeiras, e até mesmo a membros da igreja por discordância de interpretações dogmáticas. Ou livres pensadores como podemos observar no livro de Humberto Eco O NOME DA ROSA.

A prisão de devedores até o século XIX era fato cotidiano nos mais avançados países. Mesmo Charles Dickens, sofreu tal ultraje na Inglaterra. Nos Estados Unidos um homem poderia tornar-se escravo até o pagamento total de sua divida, prática utilizada desde o início da colonização inglesa até o início da independência.

A lei Talmúdica, neste campo, estabelecida que o pagamento de uma divida era mais um ato de coerente moralidade do que uma obrigação legal (Apud pág. 555 de Natan Ausubel).

Para a cultura e religião judaica, Deus é o autor do Pentateuco. A lei é toda dele, e a nenhum rei de Israel ou Juda jamais foi permitido modificá-lo. Moisés portanto foi somente um intermediário do divino, não um legislador.

Portanto no código judaico não existe distinção entre lei religiosa e secular. São ambas uma coisa só; assim, a lei civil e criminal, é também a lei moral.

Esta indivisibilidade tem conseqüência na teoria legal mosaica, pois qualquer infração a lei ofende a Deus. Todos os crimes são pecados, como também todos os pecados são crimes.

O código mosaico é orientado para o caminho ético de Deus, diferentemente das culturas contemporâneas que eram voltadas para a proteção das propriedades.

Assim na lei mosaica, diferentemente de outros códigos não havia pena capital para ofensas a propriedade. Os códigos Assírios, Babilônicos e Sumeriano, determinavam pena capital quando de delito contra a propriedade, tais como arrombar uma casa, roubo em uma propriedade, rapto, etc. A vida humana, para os hebreus era por demais sagrada para ser tirada quando somente os direitos da propriedade eram violados.

Paul Johson, em seu livro A História dos Judeus, na pag. 49 lembra que, enquanto o código meso-assírio relaciona uma série de punições físicas, incluindo mutilação do rosto, castração, empalação e açoite até a morte, o código mosaico trata o corpo humano com respeito. A necessidade de um castigo físico, quando necessário, é reduzido ao mínimo, como no caso do açoite: se o aplicador batesse além da medida ou com mais força do que o exigido por lei, sofreria ele uma pena (Deuteronomio 25:3).

O fato é que o código mosaico, em seu tempo era mais humano, porque, centrado em Deus, centrava-se automaticamente também no homem. A partir do final da Antigüidade, início da Idade Média, eruditos judaicos, como Maimonides, organizaram as leis em 613 mandamentos, consistindo em 248 mandamentos obrigatórios e 365 proibições como já vimos no texto acima.

Cronologia judaica

Era bíblica

• Séculos XX -XVII a.C. - Primeira emigração dos hebreus para Canaã. Os Patriarcas bíblicos.

• Séculos XVII-XIII a.C.- Israelitas no Egito.

• Séculos XIII-XII a.C. - O Êxodo e a ocupação da Palestina.

• Séculos XII-XI a.C. - Época dos juízes.

• 1067 -1055 a.C. - Reinado de Saul.

• 1055 -1015 a.C. - Reinado de Davi.

• 1015-977 a.C. - Reinado de Salomão.

• 977-830 a.C. - Cisma entre Judá e Israel.

• 722 a.C. - Fim do reino de Israel.

• 586 a.C. - Destruição de Jerusalém.

• 537 a.C. - Ciro permite o retorno dos judeus à Judéia.

• 520-516 a.C. - Reconstrução do Templo em Jerusalém.

Era talmúdica

• 332 a.C. -Alexandre Magno conquista a Judéia.

• 320-198 a.C. - Domínio Ptolomeu.

• 198-167 a.C. - Domínio selêucida.

• 167 a.C. - Revolução dos macabeus.

• 140 a.C. - A Judéia conquista a independência.

• 63 a.C. - Pompeu conquista Jerusalém.

• Século I d.C. - Início e expansão do Cristianismo.

• 6-40 d.C. - Procuradores romanos na Judéia.

• 66-73 -Primeira revolta judaica. Destruição de Jerusalém.

• 70- Fundação da Academia de Iavne.

• 132-135 - Segunda revolta judaica.

• 200 - Redação da Mishná.

• 500 - Término da redação do Talmud da Babilônia.

Era medieval

• 624-628- Guerra de Maomé contra os judeus da Arábia.

• 760-Expansão do Caraísmo.

• Séculos VII-X - Época dos gaons na Babilônia.

• 882-942- Gaon Saadia.

• Século XI - Florescimento da cultura judaica na Espanha.

• 1066 - Massacre dos judeus em Granada.

• 1096 - Primeira Cruzada.

• 1040-1105 - Rashi

• Séculos XII-XV - Expulsão da Alemanha e emigração para a Europa Oriental.

• 1135-1205- Maimónides.

• 1290- Expulsão dos judeus da Inglaterra.

• 1306-1394- Expulsão dos judeus da França.

• 1348- A Peste Negra.

• 1391 - Massacre dos judeus na Espanha.

• 1492 - Expulsão dos judeus da Espanha.

• 1498 Expulsão dos judeus de Portugal.

• 1506 Massacre de cristãos-novos em Portugal.

Era moderna

• 1488-1575 - José Caro.

• 1524-1532- Movimento messiânico de David Al-Roy e Salomão Molcho.

• 1534-1572- Isaac Luria.

• 1632-1677- Spinoza.

• 1649-1656 - O retorno dos judeus para a Inglaterra.

• 1666-Movimento messiânico de Sabatai Zevi.

• 1787-Emancipação na América.

Era contemporânea

• 1791- Emancipação na França.

• 1806-1807 -Reformas de Napoleão.

• 1894-1906 - Processo Dreyfus na França.

• 1897-Primeiro Congresso Sionista.Primeira convenção do Bund.

• 1917 -Igualdade de direitos dos judeus na Rússia.

• 1917-Declaração Balfour.

• 1925 -Fundação da Universidade Hebraica em Jerusalém.

• 1935 -Leis de Nuremberg.

• 1939 -Segunda guerra mundial.

• 1948 - Criação do Estado de Israel.Primeira guerra árabe-israelense. (14/05/1948 – Is. 66:8)

• 1949-Israel é aceito como 59o. membro da ONU.

• 1961-Prisão e condenação do oficial nazista Adolph Eichman.

• 1967-Guerra dos seis dias

• 1970- Setembro Negro

• 1972- Terroristas matam onze atletas israelenses nas Olimpíadas de Munique.

• 1973- Guerra de Yom Kipur.

• 1979- Tratado de paz entre Egito e Israel.

• 1982- Israel retira-se da Península do Sinai.

• 1987- Intifada

• 1991-Primeira guerra do Golfo Pérsico. Israel é atacado por mísseis iraquianos.

• 1993-Tratado de Oslo.

• 1995-O primeiro-ministro Yitzhak Rabin é assassinado por um extremista judeu.

Origens de Israel

O registro histórico mais antigo que se conhece sobre o nome Israel data do ano 1210 a.C., mencionado na Estela de Merneptah (num poema dedicado ao faraó Merneptah), em que o nome não é associado a um local geográfico, mas a um povo.

O Povo de Israel ("Aquele que luta ao lado de Deus") surgiu de grupos nômades que habitavam a Mesopotâmia há cerca de cinco mil anos e que posteriormente rumaram para a região do Levante por volta do ano 2000 a.C.. No fim do século XVII a.C., por motivo de uma grande fome, Israel foi conduzido por Deus ao Egito, onde o governador da época era José, filho de Jacó (Israel). Dentro de um período de quatrocentos anos, com a morte de José e a sucessão do faraó, o Egito com medo do grande crescimento do povo israelita, escravisou Israel.

Após o fim do cativeiro no Egito, os israelitas vagaram pela região da Península do Sinai, reconquistando uma parte de seu território original no Levante, sob o comando do rei Saul por volta de 1029 a.C.. Segundo os relatos tradicionais, foi durante o reinado de Saul que, pressionados pelas constantes guerras com os povos vizinhos, as 12 tribos de Israel se unificaram, formando um único reino.

Saul foi sucedido por David, em torno do ano 1000 a.C., que expandiu o território de Israel e conquistou a cidade de Jerusalém, onde instalou a capital do seu reino. Sob o reinado de Salomão que Israel alcançou o apogeu, entre os anos 966 a.C. e 926 a.C..

Roboão, filho de Salomão, sucede-lhe como rei em 922 a.C.. Porém, o Reino de Israel foi dividido em dois: a Norte, o Reino das Dez Tribos, também chamado de Reino de Israel, e ao Sul, o Reino das Duas Tribos, também chamado de Reino de Judá, cuja capital ficou sendo Jerusalém.

Em 586 a.C. o imperador babilônio Nabucodonosor invade Jerusalém, destrói o Primeiro Templo e obriga os israelitas ao seu primeiro exílio.

Levados à força para a Babilônia, os prisioneiros de Judá e Israel passaram cerca de 50 anos como escravos sob o domínio dos babilônicos. O fim do Primeiro Êxodo possibilitou a volta dos israelitas a Jerusalém, que foi reconstruída, juntamente com seu Grande Templo. Do nome de Judá nasceram as denominações judeu e judaísmo.

Entretanto, o território dos judeus foi sendo conquistado e influenciado por diversas potências de sua época: assírios, persas, gregos, selêucidas e romanos.

Ao longo de toda a dominação romana houve duas grandes revoltas dos judeus. Antes, houve uma primeira revolta no ano 135 a.C., quando Antíoco IV Epifânio, ainda durante a dominação selêucida, profanou o Templo ao sacrificar uma porca (animal considerado impuro pelo judaísmo) em seu altar. A revolta, chamada de Hasmoniana foi vitoriosa e garantiu a independência de Israel até o ano 63 a.C., quando o reino é conquistado pelos romanos. Seria durante este domínio que surgiria o Cristianismo.

Os romanos estabeleceram no reino judeu um protetorado. Entretanto, a prática da religião hebraica era constantemente reprimida pelos romanos, que interferiam na administração do Templo e atacavam e profanavam os locais de culto.

A primeira grande revolta contra o domínio romano se iniciou no ano 66 da Era Comum. Também conhecida como Grande Revolta Judaica, a rebelião duraria até o ano 70 d.C., quando o general Tito invade a região e destrói Jerusalém e o Segundo Templo. Cerca de um milhão de judeus teriam morrido durante os combates, segundo alguns pesquisadores. A região é transformada em província romana e batizada com o nome de Provincia Judaea.

A segunda e última rebelião contra os romanos foi a Revolta de Bar Kochba. A revolta foi esmagada pelo imperador Adriano em 135 e os judeus sobreviventes foram feitos escravos e expulsos de sua terra.

Durante os dois mil anos de duração do Êxodo, a presença judaica em Jerusalém e seu entorno foi constante, embora diminuta. No mesmo ano de 135, Adriano renomeou a Província Judaea para Provincia Siria Palaestina, um nome grego derivado de "Filistéia" (Em Hebraico, פלשת, em Grego, Pəléše) como tentativa de desligar a terra de seu passado judaico. A Mishná e o Talmude Yerushalmi (dois dos textos sagrados judaicos mais importantes) foram escritos na região neste período. Depois dos romanos os bizantinos e finalmente os muçulmanos conquistaram a Palestina em 638. A área do Levante foi controlada por diferentes estados muçulmanos ao longo dos séculos (à exceção do controle dos cristãos cruzados) até fazer parte do Império Otomano, entre 1517 e 1917.

O Exílio e as perseguições anti-judaicas

Sob o domínio de diversos povos, culturas e religiões, os judeus exilados não encontraram jamais um clima de liberdade plena. Ora aceitos, ora hostilizados sob as mais diversas acusações e pretextos, os judeus sobreviveram às perseguições morais e violentas em torno de sua religião e de sua cultura particular.

Na Península Arábica do século VII, onde provalmente chegaram após a destruição do Segundo Templo, os judeus viram-se envolvidos nas lutas entre Maomé e os habitantes de Meca. De início parte integrante da uma criada por Maomé em Medina, duas tribos judaicas seriam expulsas da cidade, enquanto que a terceira seria executada (com exceção das mulheres e das crianças). Este episódio não tem contudo nada a ver com manifestações de anti-semitismo, encontrando-se integrado nas guerras entre Meca e Medina e na mentalidade do século VII.

Em 1066 ocorre o Massacre de Granada e entre os séculos XII e XV os judeus são expulsos do Norte da Europa, dominada pelos cristãos. Os grandes massacres de judeus se sucederam em diversos países: Alemanha, Inglaterra (1290), França (1306 e 1394) e Espanha (1391), culminando na expulsão de 1492 e no grande massacre de Lisboa em 1506. Os judeus passam a habitar a Europa Oriental.

Com o fim da Idade Média e o Iluminismo as perseguições diminuem, embora prossigam. Durante a Era Moderna, os judeus da Rússia e de toda a região Leste da Europa são constantemente perseguidos e massacrados sob os mais diversos pretextos e acusações. Em meados do século XIX os pogroms forçam as ondas de imigração judaica para a América e fomentam o surgimento dos primeiros movimentos sionistas.

O Sionismo

O sionismo (de Sion, colina da antiga Jerusalém), surgiu na Europa em meados do século XIX. Inicialmente de caráter religioso, o sionismo pregava a volta dos judeus à Terra de Israel, como forma de estreitar os laços culturais do povo judeu em torno de sua religião e de sua cultura ancestral.

Precedentes Sionistas

Entre os séculos XIII e XIX o número de judeus que fizeram aliá (literalmente “ascenção” - o ato de um judeu imigrar para a Terra Santa) foi constante e crescente, estimulado por periódicos surgimentos de crenças messiânicas e de perseguições anti-judaicas.

Estas perseguições tinham quase sempre um caráter religioso. Vários estados atacaram e expulsaram os judeus de seus territórios, sob acusações que variavam entre o deicídio (a suposta culpa dos judeus pela morte de Jesus) e lendas sobre envenenamento de poços, uso de sangue de crianças cristãs em rituais judaicos (“Libelo de Sangue”) e de heresia. Os judeus da Inglaterra foram expulsos em 1290, da França em 1391, da Áustria (1421) e da Espanha (Decreto de Alhambra), em 1492.

Os judeus que retornaram à Palestina estabeleceram-se principalmente em Jerusalém, mas também desenvolveram significativos centros religiosos em cidades mais distantes. A partir do século XV a cidade de Safed se tornaria o mais importante local de reunião de cabalistas.

Mas foi durante a primeira metade do século XIX que a migração judaica para a Palestina sofreu o seu maior incremento em quase vinte séculos. Os judeus já eram a maioria da população de Jerusalém no ano de 1844, convivendo com muçulmanos, cristãos, armênios, gregos e outras minorias, sob o domínio turco-otomano. A estes migrantes religiosos vieram se juntar os primeiros migrantes seculares a partir da segunda metade do século. Eram em geral judeus da Europa Central e adeptos de ideologias socialistas.

O primeiro kibbutz estabelecido na Palestina foi a colônia de Mikveh Israel (מקוה ישראל; “A Esperança de Israel” em hebraico), fundado em 1870 pela Alliance Israelite Universelle, seguido pela colônia de Petah Tikva (1878), Rishon LeTzion (1882), e outras comunidades agrônomas fundadas por organizações como a Bilu e Hovevei Zion.

O Sionismo Político

Em 1895, na França, um militar judeu foi acusado de fornecer informações secretas para os alemães. O capitão Alfred Dreyfus foi julgado e condenado após um julgamento que se tornou célebre e mobilizou a opinião pública mundial, já que a ausência de provas que comprovassem seu suposto crime evidenciavam o caráter anti-judaico do processo.

Um jornalista húngaro de origem judaica, Theodor Herzl, estava em Paris cobrindo o Caso Dreyfuss para o jornal Neue Freie Presse, quando percebeu que as perseguições contra judeus só teriam fim quando estes reconquistassem sua autonomia nacional. No mesmo ano, Herzl publica em Viena o livro "O Estado Judeu", onde expunha a sua concepção de uma nação judaica.

O sionismo moderno aos poucos arrebatou e convenceu a maioria dos judeus de todo o mundo. Começaram as imigrações judaicas para a província palestina, onde estes pioneiros adquiriam terras dos árabes e estabeleciam colônias e fazendas coletivas (Kibbutzim).

A escolha da causa sionista pelo território da então província palestina derivava de todo o significado cultural e histórico que a antiga Israel bíblica possuía para o povo judeu. Herzl e os sionistas defendiam a criação de um estado judaico em todo o território original de Israel, o que incluiria hoje a atual Jordânia, embora propostas de cessão de territórios na Patagônia, no Chipre e em Uganda tenham sido estudadas.

Nascimento do moderno Estado de Israel

Após o término da Primeira Guerra Mundial e a queda do Império Turco-Otomano, a antiga província da Palestina passou a ser administrada pela Grã-Bretanha. Atendendo às solicitações do sionistas, os ingleses promulgaram em 1917 a Declaração Balfour, onde a Grã-Bretanha se comprometia a ajudar a construir um "lar judaico" na Palestina, com a garantia de que este não colocasse em causa os direitos políticos e religiosos das populações não-judaicas.

Com a reação violenta dos árabes a partir da década de 1920, os ingleses tentaram regredir na sua promessa, implementando políticas de restrição à imigração de judeus.

A ascensão do Nazismo inicia uma perseguição anti-judaica sem precedentes. Os judeus da Europa começam a ser perseguidos e por fim aprisionados e massacrados, numa grande tragédia humana igualmente vivida por outros povos envolvidos na Segunda Guerra Mundial. A morte massiva dos judeus denominou-se Holocausto.

Na Palestina, nacionalistas árabes foram insuflados a não aceitar a migração de judeus. Mohammad Amin al-Husayni, Grão-Mufti de Jerusalém (máxima autoridade religiosa muçulmana) se alia aos nazistas e promove perseguições anti-judaicas.

Grupos judaicos clandestinos

As tensões entre judeus e a população árabe da Palestina, diante das ações do Mandato Britânico que supostamente beneficiavam estes últimos, gerou dentro de alguns setores da comunidade judaica um sentimento de revolta.

Nacionalistas árabes, em oposição aos termos da Declaração Balfour e ao Mandato Britânico instigavam a realização de pogroms contra os judeus. Ocorreram incidentes violentos em Jerusalém, Hebron, Jaffa e Haifa.

Em 1921, após o massacre de dezenas de idosos judeus em Hebron, foi fundada a Haganá, com o objetivo de fazer a guarda das comunidades judaicas na Palestina e revidar os ataques árabes. Da Haganá surgiu o grupo Irgun (anteriormente chamado de Hagana Bet) no ano de 1931. O Irgun celebrizou-se em atacar alvos militares britânicos.

O ataque mais famoso do Irgun foi a explosão do Hotel King David, em Jerusalém, onde funcionava o Quartel General do Mandato Britânico na Palestina. No ataque morreram 91 pessoas.

Além do Irgun, existia também o Lehi, fundado por Avraham Stern. Ao contrário do Irgun, que estabeleceu um pacto com os britânicos durante a Segunda Guerra Mundial para enviar voluntários para a luta contra os nazistas, o Lehi sempre recusou qualquer diálogo com os ingleses. Para além disso, o Lehi realizou contactos secretos com a Alemanha nazi através dos quais se oferecia na luta contra os britânicos no Médio Oriente, em troca da "evacuação" (ou seja expulsão) dos judeus da Alemanha.

Os grupos clandestinos judaicos (classificados pelos britânicos como terroristas) eram repelidos tanto pela Haganá (considerada o embrião do exército israelense moderno) quanto pela Agência Judaica e pela Organização Sionista, que não aceitavam seus métodos violentos e que procuravam trabalhar em harmonia com o Mandato Britânico.

Ao término da Segunda Guerra Mundial, o mundo tomou conhecimento da dimensão do Holocausto e do massacre de seis milhões de judeus pelos nazistas.

Com a Europa destruída e os sentimentos anti-semitas ainda exaltados, uma enorme massa de milhões de refugiados deixava a Europa para se unirem aos sionistas na Palestina. Mas a política de restrição à imigração judaica era mantida pelo Mandato Britânico. Os grupos militantes judaicos procuravam infiltrar clandestinamente o maior número possível de refugiados judeus na Palestina, enquanto retomavam os ataques contra alvos britânicos e repeliam ações violentas dos nacionalistas árabes. Com as pressões se avolumando, a Grã-Bretanha decide abrir mão da administração da Palestina e entrega a administração da região à Organização das Nações Unidas (ONU).

O aumento dos conflitos entre judeus, ingleses e árabes forçou a reunião da Assembléia Geral da ONU, realizada em 29 de Novembro de 1947, presidida pelo brasileiro Osvaldo Aranha e que decidiu pela divisão da Palestina Britânica em dois estados, um judeu e outro árabe, que deveriam formar uma união econômica e aduaneira.

A Independência

David Ben-Gurion discursa na Declaração do Estado de Israel em 14 de maio de 1948.

A decisão foi bem recebida pela maioria das lideranças sionistas, embora tenha recebido críticas de outras organizações, por não permitir o estabelecimento do estado judeu em toda a Palestina. Mas a Liga Árabe não aceitou o plano de partilha. Eclodiu um conflito armado entre judeus e árabes.

Na sexta-feira, 14 de Maio de 1948, algumas horas antes do término do mandato britânico sobre a Palestina (o horário do término do mandato foi determinado pela ONU para as 12:00 do dia 15 de Maio) - David Ben Gurion assinou a Declaração de Independência do Estado de Israel.

Em janeiro de 1949, Israel realiza suas primeiras eleições parlamentares e aprova leis para assegurar o controle educacional, além do direito de retorno ao país para todos os judeus. A economia floresce com o apoio estrangeiro e remessas particulares.

História Geral de Israel

No período entre a Declaração de Independência e a Guerra de Independência, Israel recebeu cerca de 850 mil imigrantes, em especial sobreviventes de guerra e judeus oriundos dos países árabes (sefaraditas e Mizrahim).

Ainda no período da Independência foi executada a Operação Tapete Mágico, para resgatar os judeus do Iêmen.

Instigados pela propaganda árabe, a população muçulmana local e com a ajuda da polícia deu inicio a uma série de perseguições. Em 1947 82 judeus foram mortos e centenas de residências e casas comerciais destruídas.

No ano seguinte, um boato de que duas meninas haviam sido mortas por judeus em um ato religioso provocou uma nova onda de pogroms. Com isso, a situação econômica dos judeus do Iêmen se deteriorou e a American Joint Distribution Committee resolveu transportar toda a comunidade judaica daquele país para Israel. Entre junho de 1949 e setembro de 1950 cerca de 50 mil judeus iemenitas foram retirados em vôos secretos. Tentativas de sabotagem e ataques da aviação egipcia tornavam as viagens arriscadas. Entretanto, nenhum dos 380 vôos da Operação Tapete Mágico foi mal sucedido.

Até o fim de 1951 desembarcaram em Israel 37 mil judeus da Bulgária, 30 mil da Líbia e 118.940 da Romênia. 121.512 judeus iraquianos foram resgatados pela Operação Esdras e Nehemias. No total, o número de judeus resgatados nos primeiros anos de existência de Israel foi de 684.201, mais do que toda a população judaica de Israel em 1948. Dois terços destes imigrantes foram instalados em pequenos núcleos urbanos no interior. 35.700 em moshavim recentemente criados e 16.000 em kibbutzim.

Entre 1952 e 1954, o número total de imigrantes foi de 51.463. Em 1955, iniciou-se uma nova onda de imigração. Até 1957 chegariam ao país 162.308 novos moradores, em sua maioria do Marrocos, da Tunísia e da Polônia.

Os movimentos nacionalistas nos países do Norte da África empurraram os judeus destes países à aliá. Entre 1955 e 1957 mais 55 mil judeus marroquinos e 15 mil tunisianos deixaram seus países de origem. A revolução na Hungria, em 1956 e a repressão comunista na Polônia geraram mais ondas migartórias: 8.682 judeus húngaros e outros milhares de poloneses chegaram a Israel até o final da década.

Após a Guerra dos Seis Dias, em 1967, os judeus do Egito foram expulsos. 14.562 destes imigrariam para Israel. As cidades de Dimona e Ashdod, além das regiões de Lachish e Taanach foram povoadas com estes olim (imigrantes).

A Guerra dos Seis Dias também gerou uma onda de anti-judaísmo nos países sob a esfera de influência soviética. Os judeus da União Soviética eram proibidos de deixar o país, mas a partir de 1969 a reivindicação dos judeus soviéticos pelo direito a imigração possibilitou um ligeiro incremento no número destes olim. Na Polônia, pogroms foram registrados em 1967 e mais cinco mil judeus imigraram. Até 1973, ano da Guerra do Yom Kippur, 260 mil judeus desembarcaram em Israel, a maioria de países socialistas.

Décadas de 1950 e 1960 - O governo de Ben Gurion

David Ben Gurion, o signatário da Declaração de Independência de Israel, tornou-se Primeiro-Ministro em 25 de fevereiro de 1949, mesmo dia em que o armistício com o Egito foi firmado.

A primeira administração de Ben Gurion foi focada na construção das instituições estatais necessárias para o funcionamento do Estado e nas operações militares de defesa contra os vizinhos. Ben Gurion afastou-se do cargo em 7 de dezembro de 1953, declarando na ocasião que se instalaria no kibbutz de Sde Boker, no Deserto de Negev, afim de estimular a ocupação da região pelos novos imigrantes.

A carreira política de Ben Gurion iniciou-se em 1933. Adepto do sionismo-socialista, tornou-se líder do Movimento Sionista à época da Segunda Guerra Mundial.

Moshe Sharett assumiu a cadeira de Primeiro-Ministro entre janeiro de 1954 e e julho de 1955. Sharett era considerado um político sem carisma e era voz corrente que Ben Gurion continuava a governar Israel mesmo afastado. O Caso Lavon minou o prestígio de Sharett. Em 21 de fevereiro de 1955 Ben Gurion voltou a Jerusalém e em julho foi reeleito Primeiro-Ministro.

O Caso Lavon

O estopim do Caso Lavon foi a fracassada operação militar denominada Operação Suzannah, na qual houve o ataque de alvos americanos e ingleses no Egito. Vários agentes israelenses foram presos e no desenlace o então ministro da defesa de Israel, Pinhas Lavon, teve de renunciar.

O segundo período de Ben Gurion

Foi durante o segundo gabinete de Ben Gurion que ocorreu a Campanha do Sinai. A aliança militar com a França fez deste país o maior aliado de Israel. Nesta época começou a construção das instalações secretas de Dimona, projeto e desenvolvimento do jovem secretário de defesa Shimon Peres.

O caráter autoritário e personalista de Ben Gurion lhe valeu muita oposição, dentro e fora de seu Partido Trabalhista. Desacreditado, Ben Gurion deixou definitivamente o cargo em 16 de julho de 1963.

O Gabinete Eshkol

O substituto de Ben Gurion foi o ex-ministro da agricultura Levi Eshkol. Eshkol empenhou-se na relação de Israel com a então Alemanha Ocidental, negociando reparações financeiras aos sobreviventes do Holocausto e buscou melhorar as tensas relações com a União Soviética, o que permitiu uma tímida imigração de seus judeus. As relações israelo-soviéticas azedaram com a eclosão da Guerra dos Seis Dias, em 1967.

O gabinete Eshkol foi o responsável pela construção do sistema nacional de águas, que possibilitou um incremento na agricultura e a colonização de áreas desérticas de Israel.

Levi Eshkol faleceu de ataque cardíaco, em 26 de fevereiro de 1969, ainda ocupando o cargo de Primeiro-Ministro.

Décadas de 1970 e 1980

O gabinete Golda Meir

Golda Meir se tornou a quarta primeira-ministra de Israel. Ela havia sido Ministra das Relações Exteriores de Levi Eshkol e no momento da morte do Primeiro-Ministro não exercia nenhuma pasta, embora ainda fosse parlamentar. A eleição de Golda Meir foi uma surpresa, que logo seria guindada pela folgada margem que o Partido Trabalhista obteve na sexta legislatura da Knesset. Entretanto, a Primeira-Ministra preferiu construir um gabinete de coalizão, convidando os partidos de direita para ajudarem a compor o governo.

Foi durante seu período que ocorreram alguns dos acontecimentos mais tristemente célebres da existência de Israel. No ano de 1972 terroristas palestinos seqüestraram o avião Sabena (9 de maio), o Exército Vermelho Japonês (grupo terrorista de inspiração marxista) massacrou 25 cidadãos israelenses no aeroporto de Tóquio (30 de maio) e militantes da Fatah assassinaram 11 atletas israelenses durante os Jogos Olímpicos de Munique (5 de setembro). Em reação, Golda Meir ordenou ao Serviço Secreto (Mossad) que empreendesse uma operação de caça aos responsáveis pelo atentado de Munique, que foi apelidado de "Operação Cólera Divina" e que eliminou quase todos os responsáveis pelo massacre.

O perfil simpático da Primeira-Ministra atraiu simpatia internacional para Israel. Tratada como a Idishe Mame (a mãe judia) do país, Golda costumava realizar reuniões políticas enquanto cozinhava em seu pequeno apartamento. Entretanto, setores mais à esquerda a acusavam de ser refratária às tentativas de paz com os árabes.

Desgastes com a Guerra

A invasão de Israel pelos exércitos sírio-egípcios em pleno dia de Yom Kippur evidenciou o despreparo do governo em prevenir o ataque. De fato, poucos meses antes do ataque, Golda recebeu a visita do rei Hussein da Jordânia, que lhe preveniu sobre as intenções dos egípcios e sírios. Golda, entretanto, desprezou a informação.

A campanha militar foi dramática, com várias dificuldades nos primeiros dias da guerra. Mas as Forças de Defesa de Israel conseguiram rechaçar a invasão e chegar às portas do Cairo e de Damasco, vencendo a guerra e mantendo o poder sobre os territórios ocupados.

Após a vitória, foi estabelecida a Comissão Agranat, que investigou a suposta omissão dos fatores que poderiam ter prevenido o ataque. A Comissão acabou por inocentar a Primeira-Ministra, o Ministro da Defesa Moshe Dayan e o Comandante-em-chefe Chaim Bar-Lev e Golda Meir foi reeleita em 1974. Mas a impopularidade gerada pela guerra levou à sua renúncia em 11 de abril, pouco depois de sua reeleição. Golda Meir retirou-se da vida pública e foi substituida por Yitzhak Rabin.

O primeiro Gabinete Rabin

Yitzhak Rabin foi Ministro do Trabalho durante o gabinete de Golda Meir. Governou Israel entre 1974 e 1977. Durante sua administração foram firmados acordos de separação de forças com o Egito e se iniciou a construção dos assentamentos na Cisjordânia (1975).

O caso de Entebe

Em 27 de julho de 1976 um grupo terrorista seqüestra o vôo AF 139, da Air France, que seguiria de Tel Aviv para Paris com escala em Atenas. O avião foi desviado até Entebe, em Uganda. Os terroristas pertenciam ao grupo alemão Baader-Meinhof, e exigiam a libertação de 53 terroristas presos em cadeias de vários países. Os reféns não-judeus são libertados no dia 30.

O gabinete Rabin convocou os serviços de inteligência do país para a elaboração de uma operação de resgate. Uganda, sob o domínio do ditador Idi Amin Dada, era um país hostil desde que Israel se recusara a vender caças Phantom, que sabidamente seriam usados em operações militares contra o Quênia e a Tanzânia. Em 1972 Amin Dada expulsou todos os judeus de Uganda como retaliação. A operação secreta, inicialmente batizada como "Operação Thunderball", é colocada em prática. No dia 3 de julho, homens da Brigada Golani desembarcam em Entebe, invadem a aeronave e executam os terroristas. Imediatamente, soldados ugandenses começam a atirar nos homens da Brigada Golani, o que provoca a reação dos soldados. Onze jatos MIG de Uganda são explodidos durante a operação. Toda a operação durou apenas 90 minutos. Yoni Netanyahu, soldado israelense ferido por um ugandense, morre em Nairobi, Quênia. Além do soldado, três reféns também morreram durante a operação de resgate. Uma quarta refém, a idosa Dorra Bloch, ferida e atendida num hospital de Uganda, é posteriormente assassinada por ordem do ditador Dada.

Escândalos e renúncia

O sucesso da operação de resgate em Entebe legou a Yitzhak Rabin enorme popularidade dentro e fora de seu país. Mas ainda durante 1976 uma profunda crise econômica gerou inflação e insatisfação com o gabinete. Denúncias de corrupção também surgiram, o que levou o Ministro de Obras Públicas Abraham Ófer ao suicídio e a um voto de desconfiança na Knesset. Rabin antecipa as eleições para 17 de maio de 1977. Pouco antes, a descoberta de uma conta secreta em nome da esposa de Rabin, Leah, provocou a ascensão de Menachem Beguin.

A Era Béguin - Décadas de 1990 e 2000 Guerras e conflitos armados

A Primeira Guerra Árabe-Israelense

A Primeira Guerra Árabe-Israelense, também chamada de Guerra de Independência, se iniciou com a retirada dos ingleses da Palestina e a Independência de Israel.

O projeto de partilha da Palestina aprovado pela ONU previa o estabelecimento de dois estados, um árabe e outro judaico. Os árabes da Palestina não aceitaram a partilha e com o apoio de cinco países vizinhos (Egito, Jordânia, Líbano, Síria e Iraque) iniciaram o conflito, atacando os bairros e cidades judeus.

A guerra durou de 1948 a 1949 e culminou na fuga de cerca de 800 mil árabes palestinos e na invasão da Faixa de Gaza pelo Egito e da Cisjordânia pela Transjordânia gerando assim a Jordânia. Israel também conquista cerca de 75% do território que seria destinado aos palestinos e a parte ocidental da cidade de Jerusalém.

A Guerra de Suez

Em 26 de julho de 1956 o líder do Egito Gamal Abdel Nasser ocupa, nacionaliza e bloqueia o Canal de Suez impedindo o acesso de navios israelenses.

Em resposta, Israel se alia à França e ao Reino Unido e integra uma força militar que invade o Egito em 29 de outubro. Israel penetra na Península do Sinai, mas é obrigado a recuar pela pressão dos Estados Unidos e da União Soviética. A ONU envia uma força de paz internacional a Suez.

A Guerra dos Seis Dias

Em 1964 é fundada no Cairo a Organização para a Libertação da Palestina (OLP). Ao longo das duas décadas anteriores houve ataques terroristas esparsos contra Israel apoiados por países vizinhos. Com o acirramento das hostilidades e ante a iminência de um ataque militar conjunto árabe, Israel ataca Egito, Síria e Jordânia em 5 de junho de 1967. O episódio, conhecido como Guerra dos Seis Dias, termina em 10 de junho com a vitória de Israel e a conquista do Sinai, da Faixa de Gaza, da Cisjordânia e das Colinas de Golã Jerusalém é reunificada e Israel passa a ter acesso ao Muro das Lamentações, local mais sagrado da religião judaica.

A Guerra do Yom Kippur

Yasser Arafat, é eleito presidente da OLP em 1969. A OLP passa a fomentar inúmeros ataques terroristas contra a população israelense, o que obriga o país a atacar constantemente as bases da OLP na Síria e no Líbano.

Em 6 de outubro de 1973, durante o feriado de Yom Kippu, Israel é atacado por uma força conjunta de tropas da Síria e do Egito apoiadas pela Jordânia. O ataque-surpresa abre duas frentes de combate e impõe seríssimas perdas ao exército israelense. A contra-ofensiva demora a reagir, mas em algumas semanas consegue repelir o ataque e a pressionar os exércitos árabes. Novamente os EUA e a União Soviética impõem a Israel um recuo. Mesmo assim Israel vence a guerra.

Os árabes derrotados descobrem no petróleo uma arma de guerra: usando a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), boicotam o fornecimento aos países que apoiaram Israel e provocam pânico mundial com o aumento do preço dos seus derivados. A crise econômica global que sucedeu ao boicote gera uma onda de antipatia contra Israel.

Em maio de 1977, a coligação liderada pelo partido Likud vence as eleições parlamentares, depois de três décadas de hegemonia dos trabalhistas. O novo primeiro-ministro, Menachem Begin, estimula a instalação de colonos israelenses nos territórios árabes conquistados após a Guerra dos Seis Dias.

A primeira intervenção no Líbano

Com a morte de Nasser em 1970 subiu ao poder no Egito Anwar Sadat. Sadat foi um dos fomentadores da Guerra do Yom Kippur, mas após a derrota passou a adotar uma postura pragmática em relação a Israel. Em novembro de 1977, após negociações secretas, Sadat desembarcou em Israel, para estabelecer conversações de paz.

A iniciativa abre caminho para os acordos de Camp David (1978-1979), assinados por Sadat e pelo Primeiro-Ministro israelense Menachem Begin, com mediação do presidente norte-americano Jimmy Carter. Israel inicia a retirada da Península do Sinai, que é devolvida em 1982. O mundo árabe repudia os acordos de Camp David e expulsa o Egito da Liga Árabe.

No final da década de 1970 eclode no Líbano uma guerra civil entre a minoria cristã e os muçulmanos. A OLP de Yasser Arafat aproveita a anarquia no país e intensifica os ataques terroristas contra Israel, usando o território libanês como abrigo.

Para se defender destes ataques, Israel invade o Líbano em junho de 1982 e cerca Beirute, onde se encontrava o quartel-general da OLP. Um acordo obtido por americanos, europeus e sauditas permite, porém, que os terroristas palestinos deixem o Líbano e se passem para a Tunísia.

Em 16 de setembro do mesmo ano, milicianos cristãos libaneses atacam os campos de Sabra e Chatila. Tratava-se de uma operação de vingança ao atentado terrorista que matara o presidente Bashir Gemayel. O exército israelense é acusado de omissão em relação ao ataque, que vitimou centenas de refugiados palestinos e o general Ariel Sharon é responsabilizado por um inquérito israelense. Em 1983, Israel começa a desocupar a região Sul do Líbano, palco de ataques freqüentes dos xiitas libaneses. A retirada só se completa em 1985, mantendo ainda controle de uma estreita faixa de território próxima da fronteira. No vácuo da OLP nasce o grupo terrorista Hezbollah.

A Primeira Intifada

Em 9 de dezembro de 1987 eclode uma rebelião (a "revolta das pedras") nos territórios ocupados e no setor árabes de Jerusalém, conhecida como Intifada. Israel reprime o levante e sofre condenação da ONU. A opinião pública começa a se tornar favorável à OLP.

A Guerra do Golfo

Em 1990, o Iraque invade o Kuwait, provocando a Guerra do Golfo, quando uma coalizão militar liderada pelos Estados Unidos reage e ataca o regime de Saddam Hussein.

Na tentativa de cooptar apoio dos países vizinhos e inflamar a opinião pública árabe contra os EUA, o Iraque ataca Israel com mísseis Scud. Sob pressão dos americanos, Israel não revida o ataque. 39 mísseis atingem o território israelense e outros são interceptados e destruídos pelos mísseis Patriot, fornecidos pelos EUA. 21 cidadãos israelenses morrem durante os ataques: um homem nos subúrbios de Ramat Gan atingido por destroços de um Patriot e 20 pessoas asfixiadas pelo uso incorreto de máscaras de oxigênio.

Estatísticas sugerem que algumas dezenas de pessoas também tenham morrido vítimas de “estresse e tensões emocionais” em virtude dos ataques. (Journal of the American Medical Association, Volume 273(15), 19 de Abril de 1995, pp 1208-1210).

Os Acordos de Paz de Oslo

No princípio da década de 1990 Israel aceita entabular conversações com a OLP, a fim de buscar caminhos para a elaboração de acordos de paz com a liderança palestina. Yasser Arafat, exilado na Tunísia, é reconhecido por Israel como uma liderança legítima das aspirações palestinas.

As conversações para chegar a um acordo foram iniciadas pelo governo norueguês que estava neutro com o conflito, os principais articuladores dos acordos foram Johan Jørgen Holst (ministro de Assuntos Exteriores), Terje Rød-Larsen e Mona Juul. Graças a isso, o processo de pacificação ficaria conhecido como Acordos de Paz de Oslo.

São debatidos acordos de cessão de terras para o estabelecimento de uma entidade autônoma palestina na Faixa de Gaza e na Cisjordânia em troca do reconhecimento formal do direito de existência do Estado de Israel pela OLP e pela renúncia à prática de atos terroristas. O reconhecimento mútuo permitiria, em tese, que os demais países árabes acompanhassem o exemplo palestino e entabulassem iniciativas por uma paz duradoura em todo o Oriente Médio.

Pelos acordos, o governo palestino duraria cinco anos de manera interina, durante os quais seriam negociadas (a partir de maio de 1996) as questões sobre Jerusalém Oriental, direito de retorno, assentamentos judaicos e segurança. O auto-governo seria divido em Áreas:

• Área A - controle total pela Autoridade Palestina.

• Área B - controle civil pela Autoridade Palestina e controle militar pelo Exército de Israel.

• Área C - controle total pelo Governo de Israel.

Em 1994 a Jordânia firma um acordo de paz com Israel, assinado em Camp David, a casa de campo do presidente americano.

O acordo entre Israel e OLP foi firmado na cidade de Taba, Egito, em 24 de setembro de 1995 e ratificado quatro dias mais tarde, em 28 de setembro de 1995, pelo Primeiro-Ministro Yitzhak Rabin e por Arafat.

O assassinato de Rabin

Com o inicio da Autoridade Palestina sobre partes de Gaza e Cisjordânia as aspirações pelo estado palestino pareciam se concretizar. A OLP, agora transformada em governo, começou a receber ajuda financeira externa e a principiar a organização de uma administração e de forças armadas. Entretanto, grupos terroristas como o Hamas, a Jihad Islâmica e as Brigadas de Mártires de Al-Aqsa não aceitavam os acordos com Israel e prometeram não interromper as ações violentas contra os judeus.

Do outro lado, setores radicais de dentro de Israel também não aceitavam a cessão de territórios para a construção do estado palestino. Estes setores radicais se agrupavam em torno de lideranças religiosas e políticas de extrema-direita e pressionavam o governo e a sociedade israelense contra o processo de paz. Mesmo com as pressões oriundas de ambos os lados, Israel e AP deram continuidade ao processo.

Em 4 de novembro de 1995, o Primeiro-Ministro Yitzhak Rabin foi assassinado por um militante extremista judeu, após um evento pacifista na cidade de Tel Aviv. Shimon Peres assume o lugar de Rabin.

Os governos de Netanyahu e Barak

No ano seguinte, Peres perde o cargo de primeiro-ministro para o novo líder do Likud, Benjamin (Bibi) Netanyahu. "Bibi" era do partido Likud, que adotava uma postura céptica diante dos acordos de paz. De fato, entre 1994 e 1996 houve 20 atentados terroristas contra Israel, resultando em cerca de 150 mortos. Todos os atentados foram reivindicados pelos grupos palestinos que não aceitavam os acordos de paz. O crescimento do Likud junto ao eleitorado, segundo analistas, teria sido decorrente de um crescente sentimento de dúvida quanto à viabilidade da paz.

Paralelamente, Netanyahu implementou reformas econômicas de caráter liberal e em 17 de julho, enfrenta uma greve geral em protesto contra a política de cortes orçamentarios. O governo revoga o decreto que proibia a expansão de colônias judaicas na Cisjordânia e aprova a construção de 1,8 mil casas na colônia de Kiryat Sefer.

Em fevereiro de 1996, o primeiro-ministro Netanyahu é acusado de corrupção, com denúncias de ter barganhado o apoio do partido religioso Shas ao acordo de retirada de tropas de Hebron, prometendo a indicação de Roni Bar-On para o cargo de procurador geral. Bar-On, um advogado pouco conhecido, renuncia 12 horas após a eclosão do escândalo.

Segundo uma emissora de TV, ele havia se comprometido em pedir o arquivamento do processo contra o líder do Shas, Aryeh Der'i, em que este é acusado de suborno e fraude. Numa decisão sem precedentes, a polícia pede em abril o indiciamento de Netanyahu, mas o procurador geral e a fiscal do Estado rejeitam o pedido por falta de provas.

No final de fevereiro, o governo aprova a construção de 6,5 mil moradias para judeus no setor árabe de Jerusalém. A decisão provoca protestos. Choques com soldados israelenses deixam 150 palestinos feridos. O processo de paz estanca novamente. Os ministros de Exterior da Liga Árabe recomendam o congelamento de relações com Israel. O clima de animosidade piora com o atentado a um ônibus de meninas israelenses, por um soldado jordaniano. Sete meninas entre 12 e 14 anos são mortas.

Após dez meses de silêncio recomeçam em março os atentados a bomba por palestinos suicidas do grupo fundamentalista islâmico Hamas contra alvos israelenses. Em julho, terroristas suicidas matam 13 pessoas e ferem 170, ao explodir duas bombas no mercado judaico de Jerusalém. É o pior atentado desde março de 1996. O Hamas nega a autoria.

Em setembro, três integrantes desse mesmo grupo detonam uma bomba na rua Ben Yehuda, movimentada rua de pedestres de Jerusalém, matando quatro pessoas, além dos autores do atentado, e ferindo outras 190. O governo israelense, em represália, bloqueia temporariamente o acesso aos territórios palestinos autônomos.

Em junho de 1997, os Estados Unidos reconhecem Jerusalém como a capital de Israel. Os palestinos protestam. No mesmo mês, o Partido Trabalhista de Israel troca sua liderança: Ehud Barak, ex-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, vence Yossi Beilin.

Barak, com um perfil mais parecido com o de Rabin, é o favorito em pesquisas para as eleições contra Netanyahu, em princípio marcadas para o ano 2000. Em 24 de junho, Netanyahu sobrevive a uma moção de desconfiança no Parlamento, por 55 votos a 50. Cinco dias depois, 40 mil pessoas protestam contra o governo em Tel Aviv, pedindo eleições antecipadas. Em outubro, o presidente Ezer Weizmann cancela uma visita à China programada para o final do ano, por prever a queda do governo a qualquer momento.

Uma nova crise ocorre com a fracassada tentativa do serviço secreto de envenenar um líder do Hamas na Jordânia, em outubro. Os agentes israelenses são presos e obrigados a revelar o antídoto. Em troca da devolução de seus agentes, Israel liberta o xeque Ahmed Yassin, fundador do Hamas.

Em setembro de 1996 estoura uma rebelião palestina. O estopim do novo conflito é a retomada da construção de um túnel que une a Via Dolorosa, o caminho que Jesus teria feito ao ir para a cruz, ao Muro das Lamentações, principal santuário do judaísmo, passando sob a Mesquita de Al-Aqsa. O conflito causa a morte de 50 palestinos e 18 israelenses.

Em 3 de dezembro, 700 mil trabalhadores fazem greve contra o programa governamental de privatizações e reforma da previdência, paralisando aeroportos, portos, bancos, empresas estatais e parte dos serviços públicos. Ainda em dezembro, o gabinete israelense insiste na instalação de colônias judaicas nos territórios ocupados de Gaza e da Cisjordânia e aprova de incentivos com esse objetivo. Em janeiro, finalmente é concluído um acordo com a Autoridade Palestina sobre a retirada de tropas da cidade de Hebron. É o primeiro avanço do processo de paz desde a chegada de Netanyahu ao poder. Os últimos soldados deixaram a cidade em agosto de 1998.

Ehud Barak sucedeu Bibi em 1999. Durante a administração de Barak foram retirados os últimos soldados israelenses do Sul do Líbano e houve a tentativa de acordos de paz com a Síria. Barak também entabulou conversações com Arafat sobre a administração de Jerusalém Oriental e sobre a completa desocupação de Gaza e da Cisjordânia.

Em setembro de 2000, o líder do Likud Ariel Sharon fez uma visita ao Monte do Templo, local onde antes se erguia o Grande Templo Judaico e onde hoje existe o complexo de mesquitas de Al-Aqsa. Escoltado por seguranças, a entrada de Sharon na área administrada pelos palestinos foi o pretexto para a eclosão da Segunda Intifada, que provocou o colapso do governo Barak, o fim das conversações de paz e o aumento da violência entre Israel e os palestinos.

A Segunda Intifada

Após a visita de Sharon ao Monte do Templo o ciclo de violência congelou as negociações de paz e mergulhou Israel numa espiral de atentados. Foram centenas, reivindicados por vários grupos palestinos. Foram atacados mercados, feiras, boates, ônibus, restaurantes e até a Universidade Hebraica de Jerusalém.

Sharon foi eleito Primeiro-Ministro em fevereiro de 2001, após o colapso da administração Barak. Muito criticado pela opinião pública internacional, Sharon adotou uma postura belicista ante os ataques terroristas palestinos. Yasser Arafat foi declarado "irrelevante" e confinado na cidade de Ramalá, na Cisjordânia. As retaliações israelenses em território palestino vitimou a população civil e espalhou revolta nos demais países árabes.

A segunda intervenção no Líbano

A segunda intervenção israelense no Líbano aconteceu após um ataque da milícia terrorista Hezbollah ter vitimado nove soldados israelenses, no dia 12 de julho de 2006.

O Hezbollah foi fundado durante a primeira intervenção militar israelense no Líbano, durante a década de 1980 e foi responsável por uma série de ataques ao longo dos anos em que houve presença de Israel na região Sul do Líbano. Após a retirada militar de 2000, o Hezbollah ocupou a função do estado libanês na área Sul, praticando uma política de favorecimentos sociais com financiamento sírio e iraniano.

Após o ataque de julho de 2006, o Hezbollah passou a bombardear cidades israelenses com mísseis do tipo Katiusha, de fabricação russa e que seriam fornecidos pelo Irã, cujo atual presidente, Mahmoud Ahmadinejad, é um inimigo declarado de Israel, tendo o mesmo já declarado que está empenhado em "eliminar Israel do mapa".

Israel invadiu o Líbano pelo Sul, infligindo pesadas perdas militares, econômicas e humanas ao país. Os ataques do Hezbollah também vitimaram dezenas de soldados israelenses e provocou o êxodo de milhares de cidadãos israelenses das cidades ao Norte do país, além de sérios comprometimentos econômicos.

A intervenção militar no Líbano durou cerca de um mês e teria vitimado cerca de 1200 pessoas dos dois lados.

Um cessar-fogo foi negociado entre os EUA e a França, com a promessa da entrada de tropas internacionais no espaço ao Sul do rio Litani e o fim dos ataques mútuos entre a milícia terrorista e Israel.

Esses são fatos terríveis e alarmante que nos mostram o início do princípio das dores, sabemos porém que somente haverá paz em Israel, quando os judeus reconhecerem que Jesus, de Nazaré, é o Cristo (Yeshua Hammashyah), o Senhor.

Fonte: Profº Dionísio P. Santos

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